quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A ausência de Dom Robinson Cavalcanti

A partida de Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti e sua esposa, Miriam, deixa órfãos a Igreja Cristã no Brasil, a academia nacional e um sem número de pessoas que tinham em suas reflexões, literatura e atitudes de genuíno cristianismo um exemplo valioso.


Em um momento quando Igreja e Sociedade mais necessitam de densidade e profundidade do pensamento, conhecimento e caráter, essa ausência se torna mais pungente. O que nos conforta é lembrar do convívio fraternal, dos textos e palestras inteligentes, do bom humor, de tudo que dava ao bispo aquele ar jovial e amigo. Por todas estas coisas, vamos, inevitavelmente, sentir muitas saudades.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma casa feita por Deus fala de Jesus

Texto-base: 1 Pedro 2.1-5

Tese: Nossa proximidade ao Senhor estrutura nossa vida espiritual e nos habilita a proclamar os méritos de Cristo

A – Introdução: Nas Notas explanatórias de João Wesley, encontramos indicações preciosas sobre a passagem. Nelas, Jesus, mesmo rejeitado pelas religiões anti-bíblicas, pelos céticos e por falsos cristãos, é o escolhido de Deus para ser fundamento da Igreja. Ele é precioso, tanto para o Pai quanto para os que crêem.
E os crentes são “pedras” que vivem exclusivamente por mérito divino, que:
a) se achegam (gr., 'assentam com' e 'consentem com') pela fé a Jesus, a nossa Rocha eterna, base firme e maior do que qualquer construção humana;
b) são erigidos como uma casa espiritual, em total consagração (isto é, com exclusividade) a Deus;
c) fundados na solidez da Rocha (Jesus);
d) vivendo em união uns com os outros;
e) consagrados a Deus, em santidade, para oferecer alma, corpo, pensamentos, palavras e ações como sacrifícios espirituais.

B – Ensino bíblico:
I. “Chegando-vos para ele”

1. Além de “achegar-se”, o verbo proserkómai siginifica assentar-se...
a) e ouvi-lo, aprender com ele
2. E também significa consentir
a) permitindo que Jesus faça mudanças em nossas vidas
b) para passarmos a imitá-lo (1 Co 11.1: “sede meus imitadores”)

II. Edificados em casa espiritual

1. Para nos constituirmos em um sacerdócio real
a) casa: aqui, trata-se de um templo
b) rei e sacerdote: liderança e misericórdia
2. Para oferecermos (heb. ‘alêhu: erguer, apresentar) sacrifícios agradáveis a Deus
3. Para proclamarmos suas virtudes ao mundo
a) por meio de atos e palavras
b) realizações e discursos
c) postura e gestos

C – Conclusão:

Nenhuma construção é mais importante do que a nossa vida espiritual (Ageu 1.4)

A construção de um templo é um projeto que devemos consagrar a Deus, senão será uma pirâmide, uma torre de Babel.

Sem sacrifícios (alçamento, entrega a Deus do que nos é importante), a) não temos a bênção de Deus, b) não testemunhamos de Cristo e c) não expandimos seu Reino entre a humanidade.


* Mensagem pregada no culto vespertino da Catedral Metodista do Rio de Janeiro - I.M. Catete, domingo, 19/02/2012)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cadê o Lula?

Com a crônica falta de lideranças sólidas e comprometidas com os valores e o povo brasileiros, o que poderá acontecer caso o ex-presidente Lula venha a faltar num futuro breve?

A doença de Lula, um câncer na laringe, poderá, ou não, ser debelada. É a possibilidade pura e simples, sem torcidas nem ilusões. Se superar sua enfermidade - queira Deus que sim, muitos no Brasil não passarão, por enquanto, pela perda irreparável de seu "paizinho" protetor. Mas, se sucumbir, até os figurões do PT perderão o chão sob os pés.

Não é uma análise atrasada sobre um personagem que já deixou o poder. É uma reflexão sobre a ausência eventual de um dos personagens mais carismáticos do Brasil nas últimas décadas. Exatamente pelo fato de estar fora do Executivo, Lula reconstrói aos poucos a aura mítica, que, mesmo enquanto sofria o desgaste natural pelo delicado exercício do poder, tentando conciliar múltiplos interesses, nunca ficou totalmente embaçada, haja vista a alta popularidade que o acompanhou durante os oito anos em que pontificou no governo. Some-se a isto que, é recorrente condoer-se de uma personalidade debilitada em sua saúde, com sinais visíveis de decrepitude, mas com o sorriso de quem encara de boa vontade os suplícios que a vida lhe impõe. A mesma condolência rara vez se percebe quando a vítima é um pobre anônimo na fila do SUS.

A "presidenta" Dilma, então, que em 2010 se beneficiou dos votos que, em realidade, o povo atribuía a seu ícone barbudo, não terá como enfunar suas velas no rumo de novo mandato, caso Lula venha a faltar. Sem carisma ou simpatia pessoais que inspirem o eleitorado a lhe dar a vitória, a "companheira" ficaria à deriva, fragilizada diante dos cardumes de vorazes adversários, que hoje não são uma oposição efetiva, mas se assanham ao sentir cheiro de sangue.

A falta de Lula também romperia o liame que circunscreve e une os projetos pessoais dentro do PT. O partido inchou com políticos fisiológicos e arrivistas de todo tipo e Lula ainda é o freio que impede que o grêmio de São Bernardo do Campo literalize o que sua natureza já diz que ele é: "partido".

Espetáculo de justiça

Julgamentos como o de Lindemberg Alves, assassino de Eloá Pimentel, têm uma peculiaridade: chamar a atenção do público. Deveras, todo julgamento tem, dentre os propósitos que o instituem, a finalidade de prestar uma satisfação à sociedade pela ruptura do direito e a quebra da lei pela qual todos são regidos. É natural, portanto, que a sociedade tenha curiosidade e o interesse de acompanhar o rito de restauração da lei descumprida, apaziguando as consciências.

O que acontece, porém, é que nos casos de maior repercussão, como o julgamento do casal Nardoni, em 2011, ou o do empresário Doca Street, em 1979, a exposição feita por certas coberturas da imprensa intensifica os aspectos de entretenimento e alienação, por causa da catalisação da curiosidade e, em algumas situações, da morbidez de algumas abordagens dos informativos. Monta-se um "circo" trágico que explora o inusitado e estigmatiza seus personagens como "santos" e "demônios", no qual os advogados desempenham papéis especialmente emblemáticos. Então, entram em cena condutas, estilos e o tirocínio dos advogados no uso dos canais de visibilidade a favor de suas estratégias. Há uma encenação premeditada, que pessoas muito ingênuas não percebem tratar-se de uma espécie de "teatro" da vida real.

É difícil imaginar um modo de evitar o falseamento da realidade pela dramatização dos fatos, mas parece razoável que se pudesse diminuir a manipulação da opinião pública a partir do compromisso ético mais elevado por parte dos integrantes do aparato judicial, sendo cada personalidade do tribunal, por exemplo, mais comedida em suas declarações ao público. Assim, o interesse e a participação popular, que até certa medida é uma atividade salutar e deve ser preservada, pois exercita a cidadania, não seria transformado em espetáculo para uma massa que dessa forma, a rigor, nada de bom agrega ao processo e nada aprende sobre as lides da Justiça.