sexta-feira, 21 de junho de 2013

Verás que um filho teu não foge à luta

Nesta hora de múltiplas reivindicações, vemos que existe muita fome de verdadeiros ideais. E, com fome, pessoas vão, cada uma, à sua luta. <<< QUEM SABE FAZ A HORA, NÃO ESPERA ACONTECER >>> Sabemos? Então, podemos fazer a hora. Os verdadeiros manifestantes sabem realizar uma passeata democrática, sem que ela se transforme, via de regra, em baderna? As forças da ordem sabem distinguir quem quer melhorar o país de quem deseja apenas externar vilanias por meio do vandalismo? A sociedade sabe que chegou a hora de mudar e que será avalista da responsabilidade por eventuais mudanças? As elites políticas, culturais e econômicas sabem que as mudanças são uma exigência histórica para a evolução e o futuro? <<< DEMOCRACIA X BARBÁRIE >>> Bafejada pelos ventos dos recentes desdobramentos da Primavera Árabe – que varreu alguns regimes autoritários do norte da África e provocou inquietações no Oriente Médio, dentre elas a guerra civil na Síria, a juventude brasileira toma a vanguarda de reivindicações que vão desde a inconformidade com o preço das tarifas e a qualidade dos ônibus nas capitais, iniciadas em Porto Alegre, e, agora, em todo o país, até a cobrança de responsabilidades de governantes, que supostamente tenham cometido irregularidades e patrocinado a negociação milionária de estádios públicos de futebol com o interesse privado. Preocupa em tais movimentos que a massa queira, eventualmente, substituir a democracia representativa e parlamentar pela democracia direta, nas ruas, com brados e execrações públicas, sem o aprofundamento das discussões e a serenidade do diálogo construtivo. <>< | ><> O movimento em curso é, até certo ponto, amorfo, mas não totalmente descoordenado. O modo como foi se articulando rapidamente, revela alguma coesão e intencionalidade, mas como é comum em ações revolucionárias, o movimento é acéfalo. Não, porém, sem ter quem o pense e a partir dele direcione ações a serem capitalizadas politicamente. A rigor, sempre há quem disso se aproveite, fazendo com que acéfalo signifique, em verdade, sem face, sem um rosto visível, como protagonizado pela camiseta que encobre o rosto ou a máscara revolucionária. Oportunisticamente, há quem deseje, desde sempre, ocupar a posição de conduzir a força popular espontânea. <>< | ><> No último ano e ao redor do mundo, assistimos a movimentos relativamente anônimos como Occupy Wall Street e seus correlatos em outros lugares. Mais recentemente, protestos têm varrido a Grécia, a Turquia e outros países da Europa. Certamente, foram estopins que deflagraram a temporada das marchas de rua. Lá fora, já se chegou à conclusão de que movimentos assim servem apenas para denunciar e colocar em pauta a necessidade de mudança. Protestos em si não operam avanços; apenas propostas dialogadas fazem a sociedade avançar. É preciso haver política e leis. <>< | ><> Um arco de manifestações se formou rapidamente no Brasil, iniciado a partir de reivindicações em torno do transporte coletivo em vários municípios e culminando com o cerco a palácios, prédios e equipamentos públicos, com uma extensa pauta de reivindicações, com maior ou menor grau de violência policial e de vandalismo e provocação gratuita por parte de populares. Um misto de legítima reivindicação com anarquia explícita. O que se vê é uma maioria insatisfeita, que quer expressar seu desagrado com a apatia e a insensibilidade de autoridades, supostamente mancomunadas com políticos corruptos e empresários inescrupulosos. A maioria, protestos pacíficos, mas infiltrados por radicais extremados e desordeiros oportunistas, dedicados a testar as estratégias de reação do Estado. <<< LEVIANDADE E OPORTUNISMO >>> Os facínoras travestidos de cidadãos não representam a população ordeira, assim como policiais que abusam da autoridade e empregam gratuitamente a truculência não honram o papel da instituição pública policial. Não são cidadãos os criminosos que, nesta quinta-feira, 20 de junho, provocaram a reação de força de policiais, no Rio, os que atentaram contra a prefeitura de Belém, ou os que atearam fogo ao Palácio do Itamaraty, em Brasília. Também, não são bons policiais os que se juntaram para agredir repórter, fotógrafo, transeunte. <>< | ><> Transformar a reivindicação popular em moeda de troca de grupos de interesse, infelizmente, não é exceção; é regra. O caudal da leviandade avoluma a enxurrada desse jogo irracional e irresponsável. Os oportunistas de sempre – políticos na maioria das vezes – usurpam a liderança sobre a legitimidade das aspirações populares. Os parvos provavelmente custarão a notar que a sociedade brasileira começa a colher, sob terror, o que suas lideranças têm semeado. O povo começa a ver o fruto de sua letargia moral, de sua inconsciência diante de abusos oficiais, de corrupção com as instituições e o dinheiro públicos. O diabo veio cobrar pela inversão de valores, a desconstrução moral, a impunidade dos crimes do politburo tupiniquim e a farra de orçamentos milionários que estavam no pacote das sobras neoliberais. Essa corte macabra vai degustar o fruto indesejado, de cara com a cobrança histórica que há tempo vem sendo cevada. <>< | ><> No atual contexto, arrependimento é palavra-chave. Desafiar raças de víboras a desistir de seus maus caminhos é, de fato, pautar lideranças nacionais e instituições a partir de valores e princípios que priorizem o povo por meio de ações medianas, não com as bolsas do paternalismo e o elogio à miséria, mas sinalizando com educação, civilidade, justiça efetiva, acesso aos meios de produção, à remuneração digna, para a liberdade com responsabilidade.