quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CESARE BATTISTI: Culpado ou inocente?

Cesare Battisti é um assassino comum ou uma vítima de perseguição política em seu país?

Dependendo do lado ideológico e, mais precisamente, da corrente política em que se milita, a resposta a tal pergunta oscila conforme o interesse. Mas, para nós brasileiros, o que é que isso importa?

Não que deixe de interessar ao Brasil a condição desse italiano com ordem de prisão em diversos países, e que se encontra, por ora, detido no Brasil. Condenado na Itália por quatro assassinatos, Battisti se escondeu no Brasil e vivia aqui tranqüilamente, até ser detido (o termo ‘prisão’ seria algo muito forte para alguém que, como ele, ainda aguarda sentença) e ficar, pelo menos até o fim do mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro de 2011. Mas o governo do Brasil talvez devesse pensar melhor na mensagem que está passando ao deixar de atender às solicitações da Justiça italiana.

No Brasil, Cesare Battisti não é nem convidado nem prisioneiro. Está detido, mas com quase a total certeza de que permanecerá no país como refugiado político. Isso porque colocaram-se as mortes e assaltos cometidos pelos terroristas auto-intitulados Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), o grupo de militância de Battisti, na conta de lutas entre esquerdistas exaltados e o Estado italiano. Em uma manobra de seus defensores para dar coloração política ao terrorismo internacional, o governo da Itália estaria perseguindo seus desafetos. Pelo menos, essa é a tese sustentada pelos advogados do ex-terrorista, isto se ele já se aposentou de sua antiga atividade.

Se é assassino ou perseguido, não é algo que o Brasil deva responder. Não nos compete julgar se a Justiça da Itália errou ou acertou. Afinal, o processo histórico de amadurecimento das instituições políticas daquele país não é matéria sobre a qual o Brasil, pelo bom senso e pela estratégia diplomática, devesse se pronunciar, menos ainda emitir juízo sobre assunto doméstico de um país amigo, uma democracia, nação desenvolvida e ciosa de seu papel no concerto das nações.

A mensagem que o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula e sua sucessora, Dilma Roussef, tem dado à Itália e ao mundo é que o Brasil suspeita de países, como a Itália, com o qual mantém diversos acordos políticos, econômicos e culturais. Outra mensagem, subjacente à primeira, é que o Brasil considera o Irã e a Venezuela democracias confiáveis enquanto, na visão diplomática petista, a Itália pode passar como um país bárbaro e opressor.

O Estado brasileiro tem se posicionado deselegantemente contra um grande parceiro e arriscado perder credibilidade internacional. Será que vale a pensa o Brasil ser acusado de proteger espúrias compadrias de certas personalidades do staff político nacional cujo passado vem carimbado de atos igualmente terroristas? Sim, pois com José Dirceu e Franklin Martins figurando entre nomes do cenário brasileiro ligados à militância esquerdista e à luta armada, não é difícil chegar-se a tal conclusão. Para complicar, outro nome de peso nessa lista é o da própria presidente eleita, a companheira Dilma ou Estela, ou Dulce, ou qualquer outro codinome pelo qual ela possa ser chamada.

--------------------------------------------------------------------

Riepilogo in italiano

Cesare Battisti: colpevole o innocente?

Cesare Battisti è un assassino comune o vittima di una persecuzione politica nel suo paese? Secondo il lato ideologico e, più precisamente, dell'attuale politica in cui milita, la risposta a questa domanda varia a concordato dell'interesse. Ma, per noi brasiliani, che cosa importa? Non che sicuramente interessati al Brasile la condizione di questo italiano con ordine di reclusione in diversi paesi e che è, per ora, tenutasi in Brasile. Condannato in Italia da quattro omicidi, Battisti nascose in Brasile e vissuto qui tranquillamente, fino a quando della detenzione (il termine 'prigione' sarebbe qualcosa di molto forte per chi, come lui, ancora in attesa della sentenza) e soggiorno, almeno fino alla fine del mandato del Presidente Luis Inácio Lula da Silva, il 1 ° gennaio 2011. Ma il governo brasiliano dovrebbe forse pensare meglio nel messaggio che sta per non riuscire a soddisfare le richieste della giustizia italiana.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mais um Natal ou o Natal que é mais?

Para saber que tipo de Natal estamos preparando para esta noite, acho válido verificar: Como estaremos amanhã ao acordarmos?

Se o fígado der sinais de que está enjoado das coisas para as quais ele tem a natural dificuldade de tratar...
Se o estômago estiver empanzinado com comidas e bebidas em excesso...
Se a cabeça parecer tão zonza que, ao levantar da cama, sentimos tontura...

Bem, este terá sido mais um Natal. Como sempre, oportunidade de comer e beber em excesso sob a desculpa da confraternização e da sociabilidade.

Mas se o peito parecer querer estourar de ânimo e alegria...
Se a cabeça estiver nas nuvens de tantos pensamentos e motivação para o futuro...
Se o intestino parecer se embrulhar como quando passa-se por uma ondulação repentina na medida do frenesi da empolgação que nos atinge como se fôssemos crianças...

Aí então terá sido o Natal que é mais que o comum, o Natal de verdade, cheio de alegria porque os sinais do Reino de Deus já podem ser percebidos entre nós.

Jesus nasceu, é Natal! Viva o tempo de paz e de justiça que chegou!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eu não, Cabral

Pode ser que seja o caso de muita gente. Pode ser também que isso tenha se tornado tão normal que até virou coisa banal. No meu caso, desculpe, governador Sérgio Cabral, mas eu nunca tive uma namoradinha que teve de abortar.

Se não houvesse essa banalização da vida e das relações entre as pessoas que supostamente deveriam se amar, você não teria dito sem constrangimentos que abortar, em outras palavras, é apenas um resultado indesejado de uma brincadeira de adolescentes.

Mas se fui eu que me tornei uma rara exceção, confesso que nem percebi. Um exemplar remanescente de uma mentalidade que acredita em preservar a mulher amada, como uma jóia cara e delicada que se prepara para ser a mãe de filhos e filhas, uma rainha cercada de amor e cuidados.

Romântico incurável, nem acreditei que a generalização em sua boca fosse a declaração de um governante que apareceu na política como o "netinho" que defendia o direito das pessoas idosas. Mas o que choca no ato falho perpetrado diante de tantos microfones não é a impudicícia que mal se disfarça atrás de um eventual mea culpa, mas o reconhecimento tácito de que é válido usar as namoradinhas como vaso das fisiologias inconseqüentes de jovens que cedo exibem o caráter aprendido a partir de modelos a eles familiares.

Por haver mandatários sem vontade política de pautar a reeducação de valores que preservem a responsabilidade e o senso de justiça no âmbito familiar é que ainda estamos tão longe de políticas adequadas para conter a AIDS, a gravidez na adolescência, a promiscuidade que excita a juventude e a aproxima da prostituição infanto-juvenil.

A minha namorada da juventude é hoje a mulher com quem sou casado e com quem tenho três filhos. Dou graças a Deus por ela jamais ter conhecido o aborto.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Movimento da Aliança Evangélica

Realizou-se na terça-feira, 30/11, a assembléia que deu início à pretendida Aliança Cristã Evangélica Brasileira (Aceb). Cerca de 200 pessoas de várias regiões do Brasil se reuniram na Catedral Metodista Central de São Paulo, no bairro da Liberdade da capital paulista. O plenário acolheu a proposta do comitê de organização que há cerca de dois anos tem conduzido os trabalhos de consulta e preparação do movimento. Mas o organismo, por enquanto, permanecerá sem personalidade jurídica.

A programação teve início às 8h com as inscrições e o desjejum servido nas dependências sociais da igreja. O pastor luterano Valdir Steuernagel deu as boas-vindas e o bispo anglicano Robinson Cavalcanti fez uma retrospectiva histórica dos movimentos de representatividade por meio de alianças evangélicas, enfatizando o valor do legado dos cristãos do passado. O escritor Ariovaldo Ramos defendeu a busca da postura de unidade na diversidade em prol de uma sólida presença evangélica na sociedade. Representando a Aliança Evangélica Mundial (WEA), Gordon Showell-Rogers saudou a iniciativa de criação da aliança brasileira e disse esperar por uma estreita parceria desta com o organismo que tem filiados de 128 países distribuídos em sete grandes regiões do mundo. Também falaram pela organização Silas Tostes, da Associação de Professores de Missões do Brasil (APMB), Débora Fahur, da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (Renas) e da organização não governamental (ong) Visão Mundial e o gestor de ongs Christian Gillis.

Após o almoço, instalou-se uma mesa sob a presidência de Oswaldo Prado, missionário do Serviço para a Evangelização da América Latina (Sepal) e pastor da Igreja Presbiteriana Independente. A assembléia deliberou a aprovação da Carta de Princípios e Diretrizes, com ressalvas de aperfeiçoamento, e acolheu os nomes propostos para o Conselho Geral, que por estar incompleto escolherá três dentre os nomes indicados pelo plenário, para o Grupo Coordenador e para o Conselho de Referência. Apesar de aprovado que a Aceb permaneça sem personalidade jurídica, o Conselho Geral terá até três anos para providenciar a formalização. Perguntas e propostas foram encaminhadas à mesa

Um aspecto que mereceu atenção do plenário foi a manutenção financeira da entidade. Por isso, o Conselho Geral estudará os valores a serem pagos pelos filiados institucionais a partir de um plano de custos. Houve quem tenha preferido avaliar melhor quando e se irá filiar-se, mas já existe uma lista de grupos que decidiu integrar a Aceb mesmo antes de sua existência, entre eles a Igreja Metodista, a Igreja Cristã de Nova Vida e a APMB. A relação foi lida pela mesa, mas não consta das comunicações nem circulou em versão impressa.

Virtual inspirador da aliança, Valdir Steuernagel fez o papel de esclarecer e animar o plenário. Em certo momento falou do compromisso da Aceb em não aceitar em seu quadro de filiados entidades sem compromisso com a ética e os princípios mínimos que definem um grupo como evangélico. Para isso, a sua Carta de Princípios parte do Credo Apostólico e relaciona sete marcas da fé, dez valores do Reino de Deus e sete princípios a serem constantemente seguidos.

No meio da tarde os paulistanos sofreram uma chuva forte que caiu no Centro e muitos se retiraram antes da celebração do culto programado para logo após a assembléia.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Hino ao futuro

No canto do olho escorre uma lágrima quando a menina encontra, como nunca, o verdadeiro valor na frase do hino, muitas vezes cantado mas jamais sentido: "Em teu seio, ó liberdade, desafia o nosso peito a própria morte!". Mas pela primeira vez essa lágrima une alegria e orgulho.

Atenta, assiste às incursões da lei no caos da marginália e, embora soubesse que existiria em alguma parte, percebe que o lema "Ordem e Progresso" da bandeira auriverde finalmente se tornam realidade diante de si. Arrebenta enfim a esperança de uma vida melhor.

Vendo a trôpega fuga da corja meliante, é capaz de sentir orgulho de sua própria gente, que trajando chinelo e bermuda ou a camuflagem rajada dos uniformes guarnecidos por fuzis arrojados, a boina preta da tropa de elite ou o colete negro dos investigadores, é a mesma brava gente brasileira pondo em fuga os seus algozes.

Ao despontar a esperança, começa n'alma a convicção de sua própria identidade. Por isso, murmura celebrando o futuro de sua gente: "Verás que um filho teu não foge à luta".

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Universidade Mackenzie ousou contrariar

Uma verdade incômoda que deve ser dita, mesmo atraindo a fúria de desconstrutivistas.

"Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia


O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.

Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:

"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.

Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, "desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).

A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.

Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".


Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pertenço ao Senhor!

(por mim mesmo)

Na vida ou na morte,
Saúde ou enfermidade,
Rico ou pobre esteja.
Em todo e qualquer momento,
Pertenço ao Senhor!

Chova ou faça sol,
Se a política anda bem,
Se a canalha assalta o trono,
Na cidade ou no campo,
Pertenço ao Senhor!

No templo, na praça,
Alameda ou beco estreito,
Sem eira nem beira,
Com ricos de escol,
Pertenço ao Senhor!

Cantando, calando,
On line ou off line,
Jesus me ama, eu sei.
Por isso digo:
Pertenço ao Senhor!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Visitando missionários em Goiás




No sábado, 30 de outubro, saímos bem cedo de Brasília em direção a Alto Paraíso de Goiás, na companhia dos missionários Manuel Alexandre Pereira Lima e Rosângela Tavares da Silva Lima. Iniciamos a jornada através do cerrado passando pela cidade-satélite de Sobradinho (DF), depois por Planaltina, Formosa e Itiquira, no Estado de Goiás, pelas BR 010 e GO-118 conjugadas, na direção Norte através de São Gabriel e São João da Aliança (GO).

Na mente, a expectativa de encontros que pretendíamos fazer na cidade. Com que tipo de recepção poderíamos contar? Haveria um choque cultural? Haveria abismos entre nós e o povo do lugar? Como reagiriam à mensagem? Os mais diversos pensamentos queriam definir a palavra a ser dita ao coração dos paraisenses.
Obras no caminho, duplicação e desvios na rodovia. A paisagem rural se alternando com o cerrado nativo e os eucaliptais sobre os platôs e as ravinas das chapadas. Nas depressões do relevo, veredas de buritizais resistem ao avanço do agronegócio nos últimos oásis que ainda é possível entre a terra sulcada de plantações de soja, tomate e laranja.
Quando as construções tradicionais da cultura cabocla dão lugar aos ícones do misticismo esotérico sabemos ter chegado a Alto Paraíso, um enclave de sete mil pessoas aproximadamente sobre as campinas entre as chapadas.

Passados os arcos que assinalam a entrada da cidade, chegamos à rua principal. Ali está a livraria Guerreiros da Luz, com seu aspecto de castelo medieval por for a e, dentro, muitos livros: Bíblias, devocionais, testemunhos, estudos bíblicos, manufaturados decorativos e encadernações à base de fibra de imbira. A muralha confronta Avalon, uma organização comercial inspirado na cultura mágica com artigos para abastecer esotéricos chegados à bruxaria.

A cordialidade da vizinhança disfarça uma guerra surda entre os princípios da fé bíblica dos cristãos evangélicos e as muitas correntes espiritualistas que se refugiam na cidade que, segundo crêem, será preservada como um dos centros da Nova Era.

Alto Paraíso é um pólo que reúne hippies, dreads, rastafaris, gurus e outras vertentes alternativas. Mas as igrejas evangélicas pululam onde antes se arrastava uma presença tradicional católico-romana. No entanto, os missionários metodistas obtém mais comunhão com missões independentes do que com igrejas estabelecidas.


Na chegada, vamos direto à feira semanal que se reúne em um galpão da prefeitura. É importante encontrar as pessoas antes das 11 horas, pois só tornarão a se reunir na semana seguinte e enquanto fazem seus pequenos negócios de subsistência ficam mais receptivas.

Somos observados com discrição por jovens barbudos e de cabelos longos, mocinhas que lembram ciganas e mais velhos, que exibem traços da cultura alternativa nas roupas e na conduta. São simpáticos e afáveis. Todos conversam ou examinam as mercadorias. Crianças circulam entre os adultos e as bancas. Do fundo do galpão semicoberto um ritmo de capoeira sai de instrumentos e das palmas que acompanham a jinga de jovens lutadores. Turistas brasileiros e europeus vêm buscar alternativas de estilo de vida enquanto compram artesanato ou comidas rusticamente preparadas.


Entre os cumprimentos e compras, os missionários da Igreja Metodista de Vila Isabel convidam a todos a assistirem, de tarde, à inauguração de sua nova casa, bem nos fundos da livraria que empresta livros para serem devolvidos depois. Mais que um negócio, os livros são parte de uma estratégia de aproximação e conscientização.

Vamos à casa de Juliana, uma jovem artesã dread, com dois filhos: Davi Vidá e Glória Raiz, esta de 40 dias. Os casais têm de duas a três crianças, bonitas e saudáveis, criadas de modo alternativo. Alguns deles se converteram a Jesus e aos poucos deixam de usar maconha. São simpáticos e acolhedores, assim como os rastafaris. Neste sábado, a maioria dos homens tem de ir a Brasília gravar umas músicas durante um evento musical. Por isso, ao cair da noite apenas mães e filhos vêm à inauguração.

A reunião começa atrasada. O senso de horário é frouxo e as distâncias percorridas a pé são longas. Os lugares vão sendo ocupados e as crianças mostram que necessitam de atenção especial. Único pastor presente, coloco-me em uma posição que me permita ver o máximo de todos. Else Amelia, minha esposa, começa a tocar em um teclado músicas que conhecemos e as mulheres têm uma proposta `dread` de tocar os mesmos hinos em ritmo `reggae`. O resultado não é ruim, mas as crianças só irão participar quando a tecladista cantar coisas específicas para elas ou contar-lhes histórias da Bíblia e cantar-lhes canções interativas.

Após as canções, a oração e a meditação bíblica aproximam ainda mais os presentes: nove adultos e oito crianças, em uma sala de tamanho médio. A mensagem se baseia na Carta aos Efésios, de Paulo, capítulos 1 e 2: desafios espirituais e vida cristã madura.

Aproxima-se a inauguração da casa recém construída pelo casal com a condução da obra feita por Alessandro Morais, um jovem cearense radicado em Alto Paraíso e que tem sido discipulado pelo casal missionário. Todos se sentem muito à vontade na missão metodista e gostam de passar tempo juntos.

A casa está cercada de barro vermelho e falta muita coisa até estar concluída. Mas a inauguração antecipa o uso do espaço e atrai quem já estava presente e outros que acabam de chegar: missionários de agências independentes, todos especializados em atuar na cultura alternativa, jovens com formação superior e experiência missionária em outras regiões. O número chega a umas trinta pessoas, contando as crianças.

Concluído o encontro, as pessoas voltam para casa, No domingo é dia de eleição e também vamos conhecer um pouco mais da região. Por isso, precisamos descansar.

Chega o domingo e vamos ver algumas pessoas e lugares. Há providências a tomar no “forte” da missão e de lá vamos aos poços da Loquinha, área preservada de cerrado com abundância de água cristalina, locais onde há artesanato e beneficiamento de frutas. Um tucano de bico amarelo meio alaranjado e ponta preta vem nos ver passar pela estrada de terra e posa para as lentes.

As pessoas que encontramos são tratadas amavelmente pelos missionários de Vila Isabel no sertão goiano. Vão assim se criando vínculos de amizade e as pessoas do lugar se sentem acolhidas pelo casal. Ficamos um tempo para conhecer as características sociais e a inclinação mística dos paraisenses, metade deles imigrada de outras partes, mas que fazem boa parte da riqueza local, combinando a produção de cereais e o turismo alternativo.

Vivendo de modo peculiar, relativamente afastado da agitação das cidades grandes, a a população de Alto Paraíso está em meio a uma acirrada disputa entre grupos religiosos e mexe com interesses internacionais. Há muitos estrangeiros explorando as riquezas locais e fazendo negócios lucrativos, seja no turismo, seja instalando organizações filantrópicas, seja trazendo filosofias místicas para sincretizar com as crenças nativas.

Com a aproximação de 2012, ano que supostamente marcará a era de degêlo dos pólos e a elevação do nível dos oceanos, os cristãos se preparam para uma enxurrada de visitantes na cidade. Entre eles, metodistas tentam com poucos recursos alcançar o coração e a mente das pessoas, mas precisam de oração, contato, apoio material e cooperação voluntária. A Igreja de Vila Isabel já deu um passo ao enviar o casal Alexandre e Rosângela. Quem mais estará disponível para atuar nesse cenário e se engajar nessa batalha?


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lusofónico

Já que alguns amigos revelaram apreciar esta prosa atribuída ao escritor luso Fernando Pessoa, transcrevo-a.


PALCO DA VIDA

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa - Lisboa, 13.06.1888 — Lisboa, 30.11.1935)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Serra, desculpa! Valeu?

Vão dizer que é para tirar vantagem da imagem de "coitadinho". Não importa. Hoje, em minha cidade natal, o candidato oposicionista José Serra (PSDB) foi agredido enquanto fazia corpo a corpo eleitoral. Ainda não sei - e nem quero saber - quem o agrediu, só sei que foi no Rio de Janeiro.

Por isso, eu, carioca, quero pedir desculpas ao senhor José Serra. Não votei nele, nem lhe tenho simpatias, mas em meu próprio nome e em nome de milhões de cidadãos desta terra luminosa que, pela Providência, é lugar de tantas histórias gloriosas e outras nem tanto, mas que é, queiram ou não, nevrálgica na vida brasileira, é que eu me desculpo pelo acontecido nesta quarta-feira.

É preciso que se diga ainda que a maioria dos cariocas, gente de bem, ordeira e civilizada, não pactua com a barbárie e que, apesar do ocorrido, qualquer pessoa pode vir à nossa cidade, que não obstante seus variados problemas e mazelas, ainda é no coração de toda gente a Cidade Maravilhosa.

É verdade que ainda lutamos contra excrecências sociais que brotam qual ervas daninhas de distorções sociais, políticas e econômicas. Esta é uma terra de contradições, de virtudes abortadas e pecados à flor da pele, caótica e anárquica. Mas é também uma terra de generosidades, de bons vizinhos, de gente solidária e que faz graça de suas misérias e vai vivendo apesar dos tombos que leva amiúde. É um lugar onde a bandidagem é capaz até de esquecer que é bandida quando
alguém diz "- Oh! Glória!". Que me perdoem bairristas de outros lugares, aqui é o melhor lugar do mundo. Na capital da cordialidade, sua gente é gentil. Olhem nas ruas e confiram que "ela é carioca, ela é carioca, basta o jeitinho dela andar..."

Nossas famílias querem inclusão; não queremos ser tratados como suspeitos do tráfico nem da violência. Nossa gente precisa é de justiça, de educação, de saúde. E da maior de todas as políticas públicas: a gentileza.

No Rio, seja Dilma ou Serra, direita, centro ou esquerda, os cariocas querem paz, amor, ordem e progresso.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Uma nova mitologia latino-americana



Vivendo e aprendendo. Essa história chilena dá-nos muitas lições.
Destaco que há um paralelo entre a região de Atacama (que mantém algumas correlações com a noção de tártaro, inferno, com terrenos nus, pedregosos, salinos) e certas paisagens da Grécia e ilhas do Egeu, com seus cenários vulcânicos, dos quais a mitologia narra coisas fantásticas que permaneceram como forma para uma vasta explicação da vida e símiles filosóficas que estão espalhadas por todas as áreas do conhecimento.
Sabemos que, em geral, os povos herdeiros de antigas civilizações (gregos, persas, chineses, japoneses etc) tiveram séculos de enfrentamento com as ameaças climáticas e catástrofes naturais, estando na frente de outros povos mais recentes (o Brasil, por exemplo). À exceção, no continente americano, dos herdeiros de antigas civilizações (maias, astecas, incas etc.), que foram subjugadas e dizimadas pelo colonialismo europeu, aqueles primeiros desenvolveram saberes refinados que só puderam ser atingidos exatamente porque lutaram muito pela própria sobrevivência, sendo provados de todos os modos e legando ao mundo histórias narradas, claro que sem cientificismo, mas mitologias que nos encantam e ilustram pelas alegorias com as dificuldades, perdas e ganhos de cada um de nós no dia-a-dia da modernidade.
Curiosamente, na cultura ibero-americana, destacaram-se seis escritores (contadores de histórias) que brotaram justamente das culturas em que há traços remanescentes das antigas civilizações pré-colombianas, com o prêmio Nobel de literatura: Gabriela Mistral (Chile, 1945), Miguel Ángel Asturias (Guatemala, 1967), Pablo Neruda (Chile, 1971), Gabriel García Márquez (Colômbia, 1982), Octavio Paz (México, 1990) e agora, Mario Vargas Llosa (Peru, 2010). O Brasil, a mais forte economia latino-americana, ainda não emplacou um Nobel, embora Josué de Castro, Herbert de Souza (Betinho) e Milton Santos o merecessem.
A saga dos 33 mineiros de Copiapó mobilizou, no mesmo ano em que o país foi arrasado por um grande terremoto, os meios de comunicação do mundo inteiro para contar uma história, que até se pode chamar de milagrosa, de pessoas singelas e carregadas de sua humanidade. Isso deu notícia, vai dar livro e versões para cinema e TV.
Aprendi que, em vez de valorizarmos a terra que não tem terremotos, maremotos nem furacões, devemos mesmo é valorizar o gênio, a sagacidade, a resistência e a resiliência de um povo que acredita que, sim, é possível superar suas desgraças e tem a altivez de não aceitar ser encabrestado por quem quer que seja, venha de dentro ou de fora!
Nosso papel é influir na formação do caráter desse povo jovem com os princípios do Evangelho, da graça, do amor, da solidariedade e ajudar a modelar o perfil da raça brasileira, sem amputá-la de sua coragem, determinação e consciência do papel a desempenhar.
No resto, parabéns aos chilenos. Eles têm sabido superar os modelos autoritários, consolidar sua economia, fortalecer o papel das instituições e descobrir o caminho da ascensão civilizatória no concerto das nações.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Do segundo turno à alternância

Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deve­ria eu ter pena dessa grande cidade?

(Jonas 4.11)


Houve um tempo romântico em que, para ocupar-se cadeira de parlamentar, o sujeito tinha de exibir moral ilibada e extensa folha de serviços prestados à sociedade. Também houve um tempo em que era praxe os partidos políticos se alternarem no poder, num revezamento que dava oportunidades iguais às agremiações políticas para apresentar o seu estilo de governança e demonstrar suas virtudes pela indicação de um monarca de barbas grisalhas.

O tempo passou e, contrariando certa tese que diz que as coisas se aperfeiçoam quando o tempo passa, a política brasileira eleva ao degrau mais alto do legislativo nacional gente que tem intimidade com a telinha ou com a bola: Tiririca, Romário, Jean Willys entre outros. E quase acaba diplomando candidatas honoráveis tais quais a ‘Mulher Pera’, a Mulher ‘Melão’ e Tati Quebra Barraco. Se no passado houve barões do café, voto de cabresto, coronéis do cacau, imaginava-se que o século 21 seria bem diferente.

Passamos mais uma eleição sem lideranças expressivas nem nomes de valor inquestionável. Sobraram nulidades, bizarrices e mistificadores de todo tipo. No entanto, dá para aprender algumas lições valiosas.

Lula, por exemplo, pertence a um panteão sagrado e não pode ser abalado por críticas de pessoas mortais. Mesmo assim, sua candidata, Dilma, não encaçapou no primeiro turno.

A ‘verde’ Marina foi providencialmente a peça que desestabilizou o “já ganhou” da candidata vermelha e o povo escolheu o segundo turno como candidato. Enquanto isso, Serra, o ‘tucano’ da campanha fraca, foi abençoado com uma segunda oportunidade, indo para o ‘tudo ou nada’.

Em novembro, a decisão pode confirmar o sucesso do uso da máquina governamental pró Dilma ou, para melhorar a democracia, os brasileiros e brasileiras podem dar preferência à alternância no poder. Esta sim, uma opção menos de aprovação de José Serra e o estilo peessedebista de governar do que o desejo sincero por um arejamento no Planalto.

Votar na alternância não é o mesmo que rejeitar Dilma ou o PT. Muito menos confessar-se apaixonado pelo charme de José Serra, FHC e outros compadres social-democratas. Alternar, neste caso, é dar ao PT a oportunidade, que o imediatismo do poder não lhe permite enxergar, de se reciclar, de retornar mais humilde e amadurecido em 2014.

Se o voto confirmar mais um período petista no Executivo federal, o ‘circo’ que conta em seu elenco com o palhaço Tiririca vai armar sua lona em Brasília e, “ninguém disse, ‘seu’ Zé”, mas digo eu: fará um espetáculo sem graça, com feras fora de controle a devorar os direitos e liberdades individuais do respeitável público, que às vezes não sabe como usar a mão esquerda nem a direita para teclar o botão verde da urna eletrônica porque não sabe que é o povo quem manda no Estado.


LUCIANO P. VERGARA

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Alguém sabe onde está o fusquinha do irmão André?



Em O Globo da quinta-feira, 16.09.2010, o editorial abordava a postura antidemocrática que o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, cassado por causa de seu envolvimento no escândalo do “Mensalão”, vem demonstrando quanto ao papel da imprensa. Na opinião do jornal Dirceu está vivamente interessado em concretizar uma antiga proposta do Partido dos Trabalhadores de restringir o peso da imprensa.
A tese do editorial é que o PT, desde que chegou ao poder, não esconde que, à semelhança do casal Kirchner, na Argentina, e o mandatário venezuelano Hugo Chávez, sem excluir os outros potentados latinoamericanos com tendência ao autoritarismo de equerda, o governo deve limitar o número e o tamanho de empresas de comunicação, por meio de regulações acionárias no mercado e intervenções de um comitê regulador sobre os diversos conteúdos.
A tese pode ser ou não a expressão da verdade. Mas a intenção de controlar a imprensa com mão de ferro é uma realidade que vem assombrando toda a América do Sul desde meados desta década. A se confirmar a tese, irá consubstanciar-se o primeiro império sindical do planeta, um fruto plantado pelas velhas burocracias bolcheviques que chega a vingar no hemisfério sul.
Se tal acontecer (e não estamos tão longe disso!), a imprensa não será a única a ser amordaçada. É apenas a primeira. A bola da vez passaria então às igrejas.
Imprensa e igreja são versões do mesmo sentimento. Ambas estão em busca da verdade. Ambas se dedicam a proclamar, a anunciar, a abrir os sentidos da sociedade. Ambas incomodam as aspirações hegemônicas com suas denúncias proféticas, vaticinando tendências e resultados de curto, médio e longo prazos. Imprensa e igreja, embora tenham um parentesco complicado que as leva, muitas vezes, a análises e propósitos conflitantes, têm entre si a mesma essência marcada pela indignação contra as injustiças.
Não à toa, João Wesley enxergava a utilidade do binômio Bíblia-jornal e tanto recomendava a seus pregadores que se atualizassem pela leitura de informativos quanto se definia como “homem de um único livro” (a Bíblia). Apesar das tensões do parentesco, Imprensa e Evangelho não são excludentes, mas complementares. A Igreja genuína proclama a verdade revelada, a imprensa séria mostra a verdade dos fatos. Uma, fala com amor e cuidado pastoral, a outra, com incisividade e sem amarras litúrgicas.
Por isso, aqueles que ambicionam o poder acima do controle das instituições detestam os conselhos e advertências das duas vozes da consciência social presentes na religião e na imprensa. Se hoje a imprensa é atacada e impedida de cumprir o seu papel sagrado sem que a sociedade reaja a esse golpe, amanhã será a vez da religião ser agredida e silenciada.
A permanência de um superpartido no poder leva a efeito o de que José Dirceu foi acusado: a “mexicanização” (referência às mais de sete décadas de pontificado do Partido Republicano Institucional no México). O Brasil, maior país católico, que é também a terra de vertiginoso crescimento evangélico, corre o risco de “sovietização”. Assim foi com as repúblicas da “Mãe Rússia”, que amargaram 70 anos de hipercontrole comunista retrógrado. Idem com Judá, no passado, submetido a 70 anos de cativeiro em Babilônia.
Prova de que há um plano de alteração na ordem mundial, de mudança de eixos geopolíticos pela inversão social, marcada pela rebeldia e pelo descrédito nas instituições, é o avanço da diluição moral, intelectual e política a que assistimos na América Latina. Por que nesta região? Porque ela é frágil cultural e politicamente, mas tem uma razoável base econômica que daria a sustentabilidade que Che Guevara e os soviéticos enxergaram e quiseram trazer para o seu lado. E que melhor hora do que esta, quando a patrulha ideológica norte-americana baixa a guarda em função das crises moral e econômica dos EUA, com a diminuição de sua hegemonia para novos e poderosos agentes?
Caso o irmão André (o “contrabandista de Deus”) queira vender o seu fusquinha carregado de bíblias, vale uma boa oferta. Pode ser que ele volte à ativa no Brasil.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O nosso nome é Francenildo

Da luta entre o gigante guerreiro Golias e o menino Davi, cedo aprendemos que Deus ajudou o menino a vencer o primeiro. Aprendemos a história da luta entre o rude e abusado filisteu e o ruivo guri que fedia a curral de ovelhas na Bíblia (primeiro livro de Samuel, capítulo 17). A lição é que Deus se coloca ao lado de quem nele confia e não se estriba em suas próprias fama, força e habilidade.
A eleição de 2010 traz de novo a cena preservada por um cronista de Samuel. Não tem muito tempo, apareceu por aqui durante o primeiro mandato de Luís Inácio Lula da Silva. Novamente, ela conecta a presente quadra da vida brasileira ao panorama bíblico e expõe gravíssimo risco à brava gente.
Não! Não tem nada a ver com a filha do tucano José Serra – Verônica – cujo sigilo na Receita Federal, em 2009, foi o prato de duas invasões de arapongas de estrelinha vermelha. Eu me refiro a outra coisa.
Lembra que o então ministro da Fazenda, Antônio Pallocci, em 2006, sustentou uma polêmica com um caseiro piauiense, de nome Francenildo, que supostamente teria recebido dinheiro para caluniar o ministro e várias personalidades pela suspeita de uso irregular de uma mansão no Lago Paranoá, em Brasília, para conchavos políticos? Pois então, o caso de Verônica é, simplesmente, a tampa da Caixa de Pandora, da qual procederão as mais malignas catástrofes, se nada for feito para fechá-la a tempo.
Muito mais que atingir a débil candidatura do PSDB à presidência ou demais caciques social-democratas cujos segredos foram igualmente violados, assusta o fato de os “filisteus” do politburo trabalhista ensaiarem o que farão à indiazada toda por longo tempo, caso a estrela do PT não se desgrude do Planalto para oxigenar a alternância do poder.
Ora, se paus mandados bolcheviques entram no sistema da Receita e passeiam pelo sigilo fiscal de personalidades, do tipo “cachorro grande”, da política nacional, que é a gente do naipe e da visibilidade desses graúdos, o que não farão aos anônimos assalariados e pequenos e médios empreendedores distribuídos pelas alta e baixa Classe Média, que são os maiores pagadores de impostos e quem movimenta boa parte da renda socialmente relevante do país? O golpe é tão brutal que põe sob suspeita toda a máquina fiscal.
De vários cantos da América Latina, em laboratórios de sociedades do medo, como Cuba, Venezuela, Bolívia e, recentemente, Argentina e Equador, prodigalizam-se episódios de raro retorno às trevas do autoritarismo sindical leninista. A Classe Média é lançada no colo da esquerda retrógrada pelo medo do pólo oposto, onde empresários conservadores e magnatas da vida rural ainda guardam o bafo das ditaduras de direita. Sementes que hibernaram dos anos 1960-70 e a Guerra Fria desabrocham no Paraguai, Uruguai e quiçá no Peru, com novos mandatários fichados nos anais da repressão por terem atuado na clandestinidade.
O ímpio gigante será um desafio hercúleo a vencer se o pequeno “Davi” não se dispuser a enfrentar o monumental mostrengo. Pallocci está na cúpula da campanha de Dilma Roussef e, junto com os caciques petistas, sua trajetória novamente coincide com a arapongagem governamental e a figura do “estado Leviatã”, concebida recentemente por João Ubaldo Ribeiro (O Leviatã pega, O Globo, 08/08/2010).
Calma, porém. A lição tirada da Bíblia mostra a vitória da criança ingênua mas resoluta em sua confiança em Deus. No caso brasileiro, “Davi” é Francenildo, o herói do povo, o “Zé” que dos poderosos se vinga com as mãos limpas e com a verdade, pois quem não deve não teme. E, diante da definitiva ameaça da versão verde-e-amarela do estado policial, no qual faltará o abrigo das liberdades individuais, do direito à preservação de dados pessoais e dos assuntos da vida íntima perante a indiscrição do Grande Irmão (pensou em 1984, de George Orwell?), só nos restará dizer que doravante todas as pessoas do povo se chamarão Francenildo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pé no chão

Luciano P. Vergara

Esta terra em que pisa o meu pé é, sob muitos aspectos, uma terra vã e sem valor, não é de ouro nem são preciosos os seus torrões. Sob outro modo de olhar, ela é mais que preciosa. É pátria, é solo que serve de apoio, sobre o qual está a minha casa, terra que me viu nascer e que, cessada a vida chã, há de acolher os restos do meu corpo. É na terra que se planta o alimento e sobre ele corre a água que sacia a sede de todos. É dela que vem o minério que modifica o dia-a-dia, que faz a riqueza de muitos e a loucura de gananciosos. É sobre ela que lutam soldados e mourejam grupos econômicos. Sobre esta terra sonhamos, amamos, odiamos e existimos.
No chão em que rola a bola, espetáculo e delírio de multidões, nem mesmo a grama mais cientificamente tratada esconde a aridez de um solo que tanto sangue já enxugou. A poeira levantada por manadas selvagens ou pela meninada negra que se agita atrás de uma suja bola feita de meia esconde contrastes que separam interesses milionários da extração mineral e o trânsito de pessoas comuns no varejo dos amontoamentos não urbanizados. A jabulani vai de um lado ao outro – de pé em pé – sem ligar se é campeão ou perdedor.
Enquanto a poeira sobe, a pelota pode ir, num passe, do pé de um moleque que se mete em buracos, a buscar brilhantes no interior da África, ao pé de um refugiado da fome e da guerra nos campos de chefes tribais. Ou pode ir do pé de um polígamo obá centro-africano ao pé de um pirata nos arrabais de Mogadíscio.
“Tira as sandálias dos pés!” – ecoa a voz reivindicadora, sobre um solo qualquer, da santidade do chão pisado pelo Eterno. Do outro lado do Mar Vermelho, atrás do fugitivo hebreu, salvo das águas e príncipe egípcio descoroado, um povo chora enquanto amassa, com os pés, a matéria prima que alimenta a expansão das moradas, a ocupação da terra, adensamento da metrópole. Ocultos dos palácios e debruçados sobre formas de tijolos, gemem os escravos da especulação, explorados pela vilania dos donos da terra “– Até quando, Adonai?”. E o soberano dos céus, Yahweh, determina ao pastor de Midiã: “– Volve, Moisés, o teu rosto para aquela terra e volta a ela para dizer àquele que oprime a minha herança: – Deixa o meu povo ir”.
Sobre o mesmo solo do antigo apartheid , novamente rola a esfera, para deleite de negros, brancos e toda raça de gente. Enquanto ela descreve nos estádios o seu destino, a poeira continua a subir, seja das minas e garimpos, seja dos terreiros de chão pisado, seja dos tijolos da humilhação. Seus heróis podem usar chuteiras milionárias ou óculos cravejados de jóias. Posam para o brilho que espoca das câmeras de lentes grandes. Na arquibancada, quais macacos vestidos e pintados de modo jocoso, todos brindam a vitória de seus campeões e a derrota dos adversários.
Inútil é o choro dos perdedores. Voltarão a enfrentar outros rivais, tentando justificar, atrás da bola hipnótica, seu fútil aziago. Fúteis, embolam-se em um jogo inexplicável, que tenta repetir a vida no gramado, para que as coisas permaneçam como sempre foram: na arena, gladiadores, na tribuna, governadores.
A Copa do Mundo aproxima os contrários e disfarça outras disputas fora de campo. Sobe a poeira. Mas o dinheiro é bom para todos. Cardumes de peixes variados, dilaceram o campeonato ludopédico: os grandes, com suas grandes bocas, amealham nacos maiores; os pequenos pegam o que sobra. Fora do estádio, conflitos raciais e religiosos abrem chagas e não há o apito de um árbitro. Manchada de sangue, ergue-se uma bandeira, mas ela ainda não anuncia justiça. Travas da barbárie, com traços de petróleo, diamantes e escravidão, fazem sulcos hemorrágicos sobre a pele de ébano. E pés duros e rachados – pés-de-moleque – que pisam a grama cirurgicamente aplicada sobre a base terraplanada sustentam corpos inertes, cabeças zonzas a girar olhos embasbacados em meio à massa multirracial. Spots, telões, placares luminosos preenchem um panorama surreal e trombetas infernais “vuvuzelam” os ouvidos mais calejados. Abafam-se os gritos da menina circuncidada e o esgüelar do gurizinho que perambulou no campo minado.
África, que é do Sul, do Saara, do “chifre”, das ilhas ocidentais; que é muçulmana, animista, cristã... o que mais? Mãe-chão de tantos povos e culturas, antiga porção do Éden. Testemunhou civilizações, reis e peões e, hoje, é o torrão de uma infinidade de pobres. Mas não lhe faltam opulentos – poucos, é verdade, mas que concentram força e riqueza pelo uso da truculência, do vício e da magia. Temidos, controlam tribos e países por meio de capangas e tropas. Alguém vê a poeira subir?
“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação...!” – canta o poeta de Deus. No entanto, há pés que se especializaram na ligeireza, que lépidos e tocando apenas a superfície, não marcham com firmeza para o compromisso. São errantes e sonsos. No gramado do campo, os pés da agilidade existem para a exibição, não concretizam coisa alguma, o seu vínculo é com o espetáculo que, embora aproxime e confraternize, rara vez está a serviço de uma causa maior. Não sobem a um monte, mas na plana maciez de um palco verde, mais alienam do que integram. Vidas a eles se entregam, submissas e obcecadas ao ponto de por eles matar ou morrer.
Excepcionalmente, uma cabeça que se apóia sobre os pés de chuteiras reúne elementos para algo mais que a partida e a comemoração. Jogar e festejar são, muitas vezes, as únicas coisas que seus sujeitos alcançam fazer. São em tudo fracassados, menos entre os limites do campo. Vêm, muitos deles, de origem obscura e poucos percebem o quão luminosos poderiam se tornar. Não é assim com o goleiro herói transmutado em monstro carniceiro? Não foi assim com aquele que, sem brios, ostentava o título de “animal”?
Justiça seja feita, em todas as modalidades, a sedução da popularidade, riqueza e poder fora de controle podem entorpecer; não é algo exclusivo desta ou daquela atividade. Mas eis que o povo consagra determinados heróis, os quais, não são capazes de discernir a oportunidade que a vida lhes deu para servirem aos demais. E assim, vivem para si mesmos sem jamais se satisfazer.
O quanto implica colocar o pé no chão? Em conquistas muito além do que podemos imaginar. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé... será vosso”. Se a cada evento da humanidade, renova-se a expectativa de que, depois dele, tudo ficará melhor que dantes, que resultados se devem esperar de intermináveis horas e bilhões investidos em rolar a bola? Não importa se Dunga ou Diego ficam ou saem. Ou que destaque será homenageado. A pergunta a ser feita é: Com tudo isso, em que o mundo ficou melhor para as pessoas? O verdadeiro time dos sonhos é constituído daqueles que, com o pé no chão, vão “andando e chorando enquanto semeiam”, pois “voltarão com júbilo, trazendo os seus feixes”.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

qual é a verdade sobre o ataque à frota humanitária?

O episódio do ataque israelense ao comboio dito humanitário ainda merece maiores esclarecimentos. Mas é possível afirmar que as forças de Israel precisam se atualizar e refinar os meios de resposta às eventuais e potenciais ameaças.

Enquanto a maior parte do mundo que se pretende civilizado desconhece o que é viver cercado de inimigos e com a constante possibilidade de ataques terroristas, o governo do Estado de Israel apresenta um comportamento esquizofrênico, já que não dá para garantir ao seu uma consistente sensação de segurança.

Aos poucos, os fatos estão vindo à luz. A desigualdade de forças já não parece tão gritante à medida que a opinião pública vai conhecendo quem eram os ativistas. Uma maioria de “bois de piranha” (incluindo brasileiros) estimulados por facções ligadas a terroristas líbano-palestinos com ramificações e apoio de grupos radicais de vários países islâmicos embarcaram em um flotilha humanitária. O comboio singra o mar numa rota que todos sabem potencialmente ameaçadora para o que o Estado israelense define como a sua segurança nacional. A bordo, os tripulantes cantam canções ideológicas que evocam a destruição de Israel. No interior das naus dos insensatos, o confronto dos oponentes leva a uma radicalização dos papéis que alcança níveis de loucura. Daí, não se pode concluir outra coisa: o fim dessa operação já era previsível.

Fica bem claro que o resultado não foi um acidente; a coisa foi calculada. Alguém, com interesse bem definido, administrou a ida daquelas pessoas para a morte. E o efeito foi bem plantado: a indignação internacional contra a brutalidade de Israel e a pressão dos países por sansões.

O melhor que Israel pode fazer sem ter que abrir mão de prover a segurança do seu território e a continuidade de seus interesses geopolíticos é aprender a lidar com esse tipo de ação. O que fez Israel que outro país também não faria se se visse ameaçado? Mas, no caso israelense, essas ações precisam mais de inteligência do que de força. Talvez, criar parcerias temporárias com nações neutras para vigiar suas fronteiras marítimas e terrestres, já pensando na possibilidade de se policiarem também os céus. Tudo isso é muito complexo, sem dúvida. Que país relativizaria o seu direito a prevenir sua própria soberania dividindo com outros o controle de suas fronteiras? Mas em seu caso, é possível que algo assim ajudasse a prevenir simulações destinadas a plantar chacinas e, depois, apontar para a monstruosidade do estado judeu.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pacto de Lausanne, referência na evangelização contemporânea




INTRODUÇÃO

Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, procedentes de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação, e regozijamo-nos com a comunhão que, por graça dele mesmo, podemos ter com ele e uns com os outros. Estamos profundamente tocados pelo que Deus vem fazendo em nossos dias, movidos ao arrependimento por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada da evangelização. Acreditamos que o evangelho são as boas novas de Deus para todo o mundo, e por sua graça, decidimo-nos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações. Desejamos, portanto, reafirmar a nossa fé e a nossa resolução, e tornar público o nosso pacto.



1. O Propósito de Deus

Afirmamos a nossa crença no único Deus eterno, Criador e Senhor do Mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas segundo o propósito da sua vontade. Ele tem chamado do mundo um povo para si, enviando-o novamente ao mundo como seus servos e testemunhas, para estender o seu reino, edificar o corpo de Cristo, e também para a glória do seu nome. Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos com o fato de que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito Santo, desejamos dedicar-nos novamente.



2. A Autoridade e o Poder da Bíblia

Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e autoridade das Escrituras tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, como única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única regra infalível de fé e prática.

Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para cumprir o seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia destina-se a toda a humanidade, pois a revelação de Deus em Cristo e na Escritura é imutável. Através dela o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina as mentes do povo de Deus em toda cultura, de modo a perceberem a sua verdade, de maneira sempre nova, com os próprios olhos, e assim revela a toda a igreja uma porção cada vez maior da multiforme sabedoria de Deus.



3. A Unicidade e a Universalidade de Cristo

Afirmamos que há um só Salvador e um só evangelho, embora exista uma ampla variedade de maneiras de se realizar a obra de evangelização. Reconhecemos que todos os homens têm algum conhecimento de Deus através da revelação geral de Deus na natureza. Mas negamos que tal conhecimento possa salvar, pois os homens, por sua injustiça, suprimem a verdade. Também rejeitamos, como depreciativo de Cristo e do evangelho, todo e qualquer tipo de sincretismo ou de diálogo cujo pressuposto seja o de que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e ideologias. Jesus Cristo, sendo ele próprio o único Deus-homem, que se ofereceu a si mesmo como único resgate pelos pecadores, é o único mediador entre Deus e os homems. Não existe nenhum outro nome pelo qual importa que sejamos salvos. Todos os homens estão perecendo por causa do pecado, mas Deus ama todos os homens, desejando que nenhum pereça, mas que todos se arrependam.

Entretanto, os que rejeitam Cristo repudiam o gozo da salvação e condenam-se à separação eterna de Deus. Proclamar Jesus como "o Salvador do mundo" não é afirmar que todos os homens, automaticamente, ou ao final de tudo, serão salvos; e muito menos que todas as religiões ofereçam salvação em Cristo. Trata-se antes de proclamar o amor de Deus por um mundo de pecadores e convidar todos os homens a se entregarem a ele como Salvador e Senhor no sincero compromisso pessoal de arrependimento e fé. Jesus Cristo foi exaltado sobre todo e qualquer nome. Anelamos pelo dia em que todo joelho se dobrará diante dele e toda língua o confessará como Senhor.



4. A Natureza da Evangelização

Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado.

Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.



5. A Responsabilidade Social Cristã

Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.



6. A Igreja e a Evangelização

Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma igreja que

pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças. A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas.



7. Cooperação na Evangelização

Afirmamos que é propósito de Deus haver na igreja uma unidade visível de pensamento quanto à verdade. A evangelização também nos convoca à unidade, porque o ser um só corpo reforça o nosso testemunho, assim como a nossa desunião enfraquece o nosso evangelho de reconciliação. Reconhecemos, entretanto, que a unidade organizacional pode tomar muitas formas e não ativa necessariamente a evangelização. Contudo, nós, que partilhamos a mesma fé bíblica, devemos estar intimamente unidos na comunhão uns com os outros, nas obras e no testemunho. Confessamos que o nosso testemunho, algumas vezes, tem sido manchado por pecaminoso individualismo e desnecessária duplicação de esforço. Empenhamo-nos por encontrar uma unidade mais profunda na verdade, na adoração, na santidade e na missão. Instamos para que se apresse o desenvolvimento de uma cooperação regional e funcional para maior amplitude da missão da igreja, para o planejamento estratégico, para o encorajamento mútuo, e para o compartilhamento de recursos e de experiências.



8. Esforço Conjugado de Igrejas na Evangelização

Regozijamo-nos com o alvorecer de uma nova era missionária. O papel dominante das missões ocidentais está desaparecendo rapidamente. Deus está levantando das igrejas mais jovens um grande e novo recurso para a evangelização mundial, demonstrando assim que a responsabilidade de evangelizar pertence a todo o corpo de Cristo. Todas as igrejas, portando, devem perguntar a Deus, e a si próprias, o que deveriam estar fazendo tanto para alcançar suas próprias áreas como para enviar missionários a outras partes do mundo. Deve ser permanente o processo de reavaliação da nossa responsabilidade e atuação missionária. Assim, haverá um crescente esforço conjugado pelas igrejas, o que revelará com maior clareza o caráter universal da igreja de Cristo. Também agradecemos a Deus pela existência de instituições que laboram na tradução da Bíblia, na educação teológica, no uso dos meios de comunicação de massa, na literatura cristã, na evangelização, em missões, no avivamento de igrejas e em outros campos especializados. Elas também devem empenhar-se em constante auto-exame que as levem a uma avaliação correta de sua efetividade como parte da missão da igreja.



9. Urgência da Tarefa Evangelística

Mais de dois bilhões e setecentos milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da humanidade, ainda estão por serem evangelizadas. Causa-nos vergonha ver tanta gente esquecida; continua sendo uma reprimenda para nós e para toda a igreja. Existe agora, entretanto, em muitas partes do mundo, uma receptividade sem precedentes ao Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de que esta é a ocasião para que as igrejas e as instituições para-eclesiásticas orem com seriedade pela salvação dos não-alcançados e se lancem em novos esforços para realizarem a evangelização mundial. A redução de missionários estrangeiros e de dinheiro num país evangelizado algumas vezes talvez seja necessária para facilitar o crescimento da igreja nacional em autonomia, e para liberar recursos para áreas ainda não evangelizadas. Deve haver um fluxo cada vez mais livre de missionários entre os seis continentes num espírito de abnegação e prontidão em servir. O alvo deve ser o de conseguir por todos os meios possíveis e no menor espaço de tempo, que toda pessoa tenha a oportunidade de ouvir, de compreender e de receber as boas novas.

Não podemos esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos chocados com a pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas injustiças que a provocam. Aqueles dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um estilo de vida simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os necessitados como para a evangelização deles.



10. Evangelização e Cultura

O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus.



11. Educação e Liderança

Confessamos que às vezes temos nos empenhado em conseguir o crescimento numérico da igreja em detrimento do espiritual, divorciando a evangelização da edificação dos crentes. Também reconhecemos que algumas de nossas missões têm sido muito remissas em treinar e incentivar líderes nacionais a assumirem suas justas responsabilidades. Contudo, apoiamos integralmente os princípios que regem a formação de uma igreja de fato nacional, e ardentemente desejamos que toda a igreja tenha líderes nacionais que manifestem um estilo cristão de liderança não em termos de domínio, mas de serviço. Reconhecemos que há uma grande necessidade de desenvolver a educação teológica, especialmente para líderes eclesiáticos. Em toda nação e em toda cultura deve haver um eficiente programa de treinamento para pastores e leigos em doutrina, em discipulado, em evangelização, em edificação e em serviço. Este treinamento não deve depender de uma metodologia estereotipada, mas deve se desenvolver a partir de iniciativas locais criativas, de acordo com os padrões bíblicos.



12. Conflito Espiritual

Cremos que estamos empenhados num permanente conflito espiritual com os principados e potestades do mal, que querem destruir a igreja e frustrar sua tarefa de evangelização mundial. Sabemos da necessidade de nos revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. Precisamos tanto de vigilância como de discernimento para salvaguardar o evangelho bíblico.

Reconhecemos que nós mesmos não somos imunes à aceitação do mundanismo em nossos atos e ações, ou seja, ao perigo de capitularmos ao secularismo. Por exemplo, embora tendo à nossa disposição pesquisas bem preparadas, valiosas, sobre o crescimento da igreja, tanto no sentido numérico como espiritual, às vezes não as temos utilizado. Por outro lado, por vezes tem acontecido que, na ânsia de conseguir resultados para o evangelho, temos comprometido a nossa mensagem, temos manipulado os nossos ouvintes com técnicas de pressão, e temos estado excessivamente preocupados com as estatísticas, e até mesmo utilizando-as de forma desonesta. Tudo isto é mundano. A igreja deve estar no mundo; o mundo não deve estar na igreja.



13. Liberdade e Perseguição

É dever de toda nação, dever que foi estabelecido por Deus, assegurar condições de paz, de justiça e de liberdade em que a igreja possa obedecer a Deus, servir a Cristo Senhor e pregar o evangelho sem quaisquer interferências. Portanto, oramos pelos líderes das nações e com eles instamos para que garantam a liberdade de pensamento e de consciência, e a liberdade de praticar e propagar a religião, de acordo com a vontade de Deus, e com o que vem expresso na Declaração Universal do Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda preocupação com todos os que têm sido injustamente encarcerados, especialmente com nossos irmãos que estão sofrendo por causa do seu testemunho do Senhor Jesus.

Prometemos orar e trabalhar pela libertação deles. Ao mesmo tempo, recusamo-nos a ser intimidados por sua situação. Com a ajuda de Deus, nós também procuraremos nos opor a toda injustiça e permanecer fiéis ao evangelho, seja a que custo for. Nós não nos esquecemos de que Jesus nos previniu de que a perseguição é inevitável.



14. O Poder do Espírito Santo

Cremos no poder do Espírito Santo. O pai enviou o seu Espírito para dar testemunho do seu Filho. Sem o testemunho dele o nosso seria em vão. Convicção de pecado, fé em Cristo, novo nascimento cristão, é tudo obra dele. De mais a mais, o Espírito Santo é um Espírito missionário, de maneira que a evangelização deve surgir espontaneamente numa igreja cheia do Espírito. A igreja que não é missionária contradiz a si mesma e debela o Espírito. A evangelização mundial só se tornará realidade quando o Espírito renovar a igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder. Portanto, instamos com todos os cristãos para que orem pedindo pela visita do soberano Espírito de Deus, a fim de que o seu fruto todo apareça em todo o seu povo, e que todos os seus dons enriqueçam o corpo de Cristo. Só então a igreja inteira se tornará um instrumento adequado em Suas mãos, para que toda a terra ouça a Sua voz.



15. O Retorno de Cristo

Cremos que Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente, em poder e glória, para consumar a salvação e o juízo. Esta promessa de sua vinda é um estímulo ainda maior à evangelização, pois lembramo-nos de que ele disse que o evangelho deve ser primeiramente pregado a todas as nações. Acreditamos que o período que vai desde a ascensão de Cristo até o seu retorno será preenchido com a missão do povo de Deus, que não pode parar esta obra antes do Fim. Também nos lembramos da sua advertência de que falsos cristos e falsos profetas apareceriam como precursores do Anticristo. Portanto, rejeitamos como sendo apenas um sonho da vaidade humana a idéia de que o homem possa algum dia construir uma utopia na terra. A nossa confiança cristã é a de que Deus aperfeiçoará o seu reino, e aguardamos ansiosamente esse dia, e o novo céu e a nova terra em que a justiça habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, rededicamo-nos ao serviço de Cristo e dos homens em alegre submissão à sua autoridade sobre a totalidade de nossas vidas.



CONCLUSÃO

Portanto, à luz desta nossa fé e resolução, firmamos um pacto solene com Deus, bem como uns com os outros, de orar, planejar e trabalhar juntos pela evangelização de todo o mundo. Instamos com outros para que se juntem a nós.



Que Deus nos ajude por sua graça e para a sua glória a sermos fiéis a este Pacto!



Amém. Aleluia!

Fonte: www.lausanne.org

terça-feira, 9 de março de 2010

Este hino, canta quem é carioca










"CIDADE MARAVILHOSA" - O hino da Cidade do Rio de Janeiro

Letra e música por André Filho


Estribilho:
Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil

Berço do samba e das lindas canções
Que vivem n'alma da gente.
És o altar dos nossos corações,
Que cantam alegremente.

Estribilho

Jardim florido de amor e saudade,
Terra que a todos seduz
Que Deus te cubra de felicidade,
Ninho de sonho e de luz

Estribilho



Ref.: Lei nº 5, de 25.08.1960; Lei nº 488, de 27.10.1964

terça-feira, 2 de março de 2010

Louvor a caminho do céu comove bombeiros no ES

Fotos: Nestor Müller - GZ


Dois pastores evangélicos e um motociclista morreram num acidente envolvendo sete veículos, na manhã de ontem (09/01/10), na Rodovia do Contorno, trecho da BR 101 que liga Serra a Cariacica, no interior do Espírito Santo.
Os religiosos pertenciam à Igreja Assembleia de Deus e haviam saído de Alegre, município da Região Sul do Estado, rumo a uma convenção estadual da igreja em Nova Carapina II, em Serra.
Os veículos – cinco caminhões, uma moto e um automóvel Del Rey – bateram um atrás do outro. O engavetamento aconteceu às 8h15min, no quilômetro 277, no Município de Serra. Os pastores vitimados estavam na parte traseira do carro.
Tudo começou quando um caminhão freou por causa do intenso fluxo de carros no sentido Cariacica - Serra. Os veículos que vinham atrás dele frearam também, mas o último caminhão – de uma empresa de cerveja – não conseguiu parar a tempo. Com isso, os veículos que estavam à frente foram imprensados uns contra os outros.
Os pastores José Valadão de Souza e Nelson Palmeira dos Santos e o motociclista Jonas Pereira da Silva, 52 anos, morreram no local. Dois outros pastores, que também estavam no Del Rey, sobreviveram e o motorista de um dos caminhões sofreu arranhões nas pernas. Nenhum dos outros motoristas ficou ferido.
O proprietário e condutor do Del Rey é o pastor Dimas Cypriano, 61 anos, do município de Alegre. Ele saiu ileso do acidente e teve ajuda do motorista José Carlos Roberto, carona de um dos caminhões, para sair do veículo.
Seu amigo de infância, o pastor Benedito Bispo, 72, ficou preso às ferragens. Socorristas do Serviço Médico de Atendimento de Urgência (Samu) e bombeiros fizeram o resgate dele. O pastor teve politraumatismo e foi levado para o Hospital Dório Silva, em Serra.
A mulher de Benedito chegou a ver o marido sendo socorrido e teve que ser amparada por um familiar. Ela também seguia para a convenção num outro veículo. A rodovia ficou interditada durante vários momentos da manhã de ontem nos dois sentidos. O trecho só foi totalmente liberado no início da tarde.
O pastor Dimas Cypriano, que sobreviveu ileso ao acidente na manhã de ontem, contou que usava cinto de segurança e que ficou preso ao tentar sair. Ele dirigia o Del Rey e disse que precisou de ajuda para sair do carro. Mas depois continuou no local, acompanhando os trabalhos de resgate do amigo. Nas mãos, levava uma Bíblia que ficou suja de sangue. Mas isso não impediu que o pastor orasse durante o socorro.
O mais comovente do triste episódio foi o relato feito pelos dois pastores sobreviventes e pelos bombeiros que tentavam tirar os pastores ainda com vida, mas que permaneciam presos nas ferragens.
As testemunhas citadas acima contam que os pastores Nelson Palmeiras e João Valadão ainda com vida e presos nas ferragens, em meio a muito sangue, começaram a cantar o hino 187 da Harpa Cristã:

Mais perto quero estar,
Meu Deus, de ti!
Ainda que seja a dor
Que me una a ti.

Sempre hei de suplicar:
Mais perto quero estar, (2x)
Meu Deus, de ti!

Andando triste aqui, na solidão,
Paz e descanso a mim teus braços dão.
Nas trevas vou sonhar,
Mais perto quero estar, (2x)
Meu Deus, de ti!

Minh'alma cantará
A ti Senhor!
E em Betel alçará
Padrão de Amor.

Eu sempre hei de rogar:
Mais perto quero estar (2x)
Meu Deus, de ti!

E quando Cristo, enfim,
Me vier chamar,
Nos céus, com serafins
Irei morar.

Então me alegrarei,
Perto de ti, meu Rei, (2x)
Meu Deus, de ti!

Aos poucos, suas vozes foram silenciando para sempre. As lágrimas tomaram conta dos bombeiros, acostumados a resgatar pessoas em acidentes graves, porém jamais viram alguém morrer cantando um hino, como no caso dos pastores Nelson Palmeiras e João Valadão.



Dois pastores e um motociclista morrem em acidente na Rodovia do Contorno - BR 101

Três pessoas morreram em um engavetamento entre sete veículos na Rodovia do Contorno - BR 101 - na Serra na manhã deste sábado (9). Cinco caminhões, um carro de passeio e uma moto se envolveram nas colisões

O motociclista e dois pastores da igreja Assembleia de Deus, que estavam em um veículo modelo Del Rey, morreram no local. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) o acidente aconteceu por volta das 8h20 no quilômetro 276.

O Del Rey era conduzido pelo pastor Dimas Cipriano, que sobreviveu e não sofreu ferimentos. Ele e outros três pastores seguiam de Alegre, Sul do Espírito Santo, para Nova Carapina II. O grupo participaria de um encontro da igreja. Um dos caminhões teria batido na traseira do veículo de passeio. O carro, assim como a moto, ficou destruído.

Os pastores Nelson Palmeira e José Valadão Souza morreram no local. Um outro pastor, Benedito Bispo, que também estava no Del Rey, foi socorrido em estado grave para o hospital Dórios Silva, na Serra. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Sesa), o quadro dele é estável. O motociclista foi identificado como Jonas Pereira da Silva.

Engarrafamentos de cerca de dois quilômetros se formaram nos dois sentidos da rodovia. Por volta das 10h a PRF liberou o sentido Serra-Cariacica, mas o tráfego de veículos segue lento enquanto são realizados os trabalhos do Corpo de Bombeiros e da perícia da Polícia Civil.

Fonte: Gazeta On Line (Jornal A Gazeta – Vitória, ES – sábado, 09/01/10)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Evangélicos que falam português




Tem sido um pensamento freqüente agregar competências em diaconias e ações pastorais que contenham também representativade local, regional e internacional do universo cristão, em especial no âmbito de igrejas evangélico-protestantes.
O texto a seguir foi produzido sem preocupações acadêmicas, como um sinalizador, uma espécie de estimulador, para tentar dar início a alguma discussão. Ele pode e deve ser criticado, pois não passa de um rascunho a ser emendado.
É desejável que quem fique sensibilizado viesse somar-se visando a uma eventual concretização dessa idéia que é agregar entidades cristãs evangélicas lusofônicas em torno de reflexões e ações transformadoras.
Pode ser e é de fato uma utopia, mas se um dia vier a se concretizar e integrar organismos como a Aliança Evangélica Mundial (WEA) e manter diálogos com outros organismos regionais. Por baixo, as igrejas locais lusófonas ganham uma representatividade em foruns internacionais e, na melhor das hipóteses, as igrejas locais saem fortalecidas pelo respaldo e diálogo permanentes com seus pares.




Uma aliança evangélica para as comunidades de língua portuguesa

Quase 300 milhões de seres humanos, espalhados por todos os continentes, usam a língua portuguesa para exprimir suas idéias e vontades, para interagir com vizinhos geográficos e vizinhos culturais, para incutir princípios e valores, sobretudo em suas crianças. Em oito países, além das populações de Macau, na China, Goa, na Índia, e comunidades migrantes espalhadas mundo afora, essas pessoas têm consagrado o português como o idioma de seu dia-a-dia.

A língua portuguesa, a sexta mais falada no mundo, dispõe de vastíssima literatura e recebe um considerável volume de obras cristãs escritas, faladas ou cantadas com o intuito de alcançar a quem pratica o idioma. Inumeráveis congregações cristãs empregam quotidianamente a Bíblia e outras peças de comunicação vertidas em português. Com esse grau de desenvolvimento do vernáculo, é de se esperar que as comunidades que falam e escrevem em português tenham a capacidade de se enxergar mutuamente e que possam se organizar e articular ações de intercâmbio e sinergia que lhes permita o desenvolvimento humano em bases cristãs. Isso quer dizer que a identidade lingüística é fundamental nas estratégias que buscam mais desenvolvimento cultural e intelectual, social e político, econômico, jurídico. É fácil de compreender que isso significaria mais segurança, identidade e determinação, maturidade política, enfim, mais civilização.

Os objetivos propiciados pelo correto e estratégico emprego do idioma pode ser aliado da evangelização. Nessa missão, podemos descobrir, enquanto homens e mulheres de convicções cristãs, que temos muito em comum a despeito de nossas diferenças e das distâncias econômicas e geográficas que nos separam. Todos desejamos para nossos povos que haja maior capacidade de autogestão, mais eficácia em atingir o grau civilizatório que nos permita lutar contra os fatores da pobreza e dos sofrimentos dela decorrentes.

Sendo cristãos e cristãs de variados matizes confessionais, ciosos de nosso destino enquanto agentes de transformação da realidade imediatamente à nossa volta, estamos convictos de que Jesus nos legou a missão de anunciar o Reino de Deus, conforme a seguintes citações dos evangelhos: “E, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o Reino dos céus” (Mateus 10.7); “... tu, porém, vai e prega o reino de Deus” (Lucas 9.60); “Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos” (Lucas 9.2). Para isso, a produção e distribuição de Bíblias em nossos países é a primeira etapa da semeadura da semente do Reino. Não para ai; prossegue com iniciativas que aprofundem a tarefa de discipular essas nações para o Senhor Jesus Cristo.

De que iniciativas falamos?

Certamente, as igrejas e demais associações cristãs que operam nesses campos da Missão têm realizado ações de evangelização, discipulado, educação cristã, capelanias e ação social, além do que têm alcançado excelência na condução de programas de desenvolvimento comunitário, combatendo os males da miséria, ignorância, opressão e violência.

É hora de somar o que aprendemos a fazer para isso chegar a outros lugares e pessoas. É possível atingir mais pessoas e grupos por meio de ações pastorais integradoras. Poderemos afirmar o Reino de Deus de modo mais efetivo se formos “um só”, como ensinou Jesus: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17.21). Será mais facilmente ouvido o brado desses 300 milhões ao redor do mundo se o brado for o mesmo: “Só o Senhor é Deus!” (Deuteronômio 4.39).

As denominações cristãs que aparelharam irmãos e irmãs, cheios do Espírito Santo, para o exercício de seus dons e ministérios, por amor a seus compatriotas, certamente podem somar esforços formando uma rede de serviço cristão, sem perda de sua autonomia nem se submetendo ao controle de agências reguladoras estrangeiras. Basta apenas que desejem comungar dos ideais do Reino compartilhando o seu saber e aprendendo de outras experiências para maior eficácia de seus programas. Em alguns países, já foram desenvolvidas organizações que contam com valiosa competência em ações pastorais dessa natureza. Grandes temáticas são estratégicas na formação de capelanias específicas, tais como:

· Economia; cristãos comprometidos no combate à pobreza, incremento de trabalho e renda como meios para o bem-estar comunitário

· Saúde: cristãos engajados em avanços médico-clínicos e acesso social a medicamentos

· Cultura, educação, ciência e tecnologia: identidade, expressão e desenvolvimento intelectual na perspectiva bíblico-evangélica

· Política: propostas para a maturidade da participação vinculada aos valores éticos e espirituais do cristianismo

· Recursos naturais: os desafios planetários para a responsabilidade cristã em economias sólidas, democráticas e sustentáveis

· Teologia e doutrina: reflexões fraternas acerca dos temas bíblicos e sua relevância para as sociedades modernas como instrumento de aperfeiçoamento das virtudes e competências no serviço cristão

· Missões: desafios e bases para o desenvolvimento de iniciativas e gestão de projetos de expansão da fé cristã em um mundo globalizado

· Cidades: projetos baseados em valores cristãos para o incremento da justiça e boa vontade diante do desafio das relações entre sociedade e indivíduo

· Crianças: o cuidado e o incentivo para com as crianças e suas famílias em tempos de mudança de paradigma sobre o lugar e papel da infância

· Família: ações e propostas para a transformação das famílias em busca de ideais construtivos para a solidificação de suas relações

· Terceira idade: inclusão, participação e resgate da sabedoria de pessoas idosas na construção da identidade cristã, fraternidade e mútuo cuidado comunitário

· Minorias: chaves para a justiça, o diálogo e o respeito em bases cristãs para com todas as pessoas

· Liberdade religiosa: propostas afirmativas em apoio às comunidades cristãs e não cristãs que sofrem qualquer forma de perseguição por razões religiosas, ações de

socorro às vítimas da perseguição que incluam o repúdio às políticas dos perseguidores


Ver imagem em tamanho grande

Outras diaconias, capelanias e ações pastorais podem ser organizadas.

A meu ver, que há de bom nesta proposta é que ela contempla a mútua necessidade de nos comunicarmos afim de compartilhar visões e experiências para que, juntos, “lancemos redes ao mar” em nome de Jesus.

O e-mail lpvergara@ig.com.br está à disposição dos comentários.


COMENTÁRIOS

Parabéns, querido Luciano, Espero que logo o cristianismo evangélico passe a abrir seus horizontes para uma influência que valorize as contribuições pessoais (e não somente o "como igreja" e seu significado corporativo) e abranja toda a sociedade (e não somente um "evangelismo" míope, centrado na "alma"). Isto quanto à atualidade do texto e o objetivo das ações. Quanto à organização, nada a comentar.


Renato Wright Maia


sábado, 23 de janeiro de 2010

Como ajudar o Haiti?

Por causa da comoção mundial causada pelo terremoto no Haiti, dia 12 de janeiro, tornou-se um senso comum achar que o Haiti precisa de ajuda. E, aos poucos, aparece a lamentável disputa por prestígio internacional protagonizada por alguns contingentes de socorristas e missões internacionais que atuam naquele país. O pobre Haiti, enfim, representa uma vitrina a ser "preenchida" por alguma potência.
Claro, o Haiti precisa de alguma ajuda para superar, no curto prazo, a tragédia imediata, pelo socorro às vítimas diretas dos desmoronamentos. E, no curso das ações, a ajuda é fazer chegar aos haitianos condições mínimas de sobrevivência, tais como água, alimentos, medicamentos e pessoal de saúde e técnicos para o restabelecimento de uma infraestrutura que permita a retomada da normalidade. Deste modo, é importante perguntar: O Haiti precisa da ajuda que querem dar ao país?
Em "Uma conversa franca sobre o Haiti" (O Globo, 22/01/10), o colunista do jornal The New York Times, Nicholas Kristof, defende que o de que o Haiti mais necessita é investimento. "Os haitianos tendem a ser bem sucedidos... em qualquer lugar, exceto no Haiti", sentencia, positivo, o articulista. Citando o Wall Street Journey, Kristof repete luminosamente: "para ajudar o Haiti, parem com a ajuda externa".