segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Entre judeus e palestinos



Acabei de ouvir de um amigo que disse ter presenciado, durante o 5º CBM (5º Congresso Brasileiro de Missões), ataques explícitos vindos de uma mulher que defendia a Palestina e arvorava ataques a Israel, conclamando os participantes do congresso, segundo o relato, a apoiar o povo palestino e pedir o fim das relações diplomáticas com o estado judeu.
É bem verdade que, entre evangélicos, é comum faltar lucidez quanto ao assunto, com levas de cristãos torcendo por Israel, sem qualquer posição crítica, fazendo coro com sionistas e até "pagando o mico" de financiar organizações não cristãs dedicadas a retornarem judeus para a 'Terra Santa' - a hok ha-shvut ou Lei do Retorno, em vez de proclamar o Evangelho de Cristo aos judeus. Tais cristãos assumem, explícita e às vezes desvairadamente, a sua tietagem pró-judaismo, esquecendo-se de que Jesus jamais encorajou os seus discípulos na direção do judaísmo e, ,sim, na direção de um retorno à raiz da fé no Deus que estabeleceu um povo chamado Israel.
Também assimilam o ódio judaico ao povo palestino os mesmos cristãos que não discernem a diferença entre o paradigmático povo bíblico, que recebeu as promessas e os oráculos de Deus (Rm 3.2; 9.4), e o seu homônimo, formado por cidadãos de um estado nacional moderno, situado, mais ou menos, na mesma localização geográfica, mas sob leis e normas republicanas e formado pelo somatório de pessoas de variadas origens: judeus ortodoxos e judeus liberais, árabes católicos, árabes muçulmanos, árabes sem religião, uma minoria cristã de diversas denominações, crentes, agnósticos etc. Uma confusão semântica acomete ocidentais ingênuos. Eles aguardam a restauração de um templo judaico no qual não terão lugar. Eles reverenciam o preconceito contra os povos árabes e se inviabilizam como testemunhas de Cristo a esses povos, jamais podendo falar do amor e da reconciliação proposta por Jesus. São parte do problema, não são a solução de Deus para o litígio.