Modelos
Há quase meio século, dois negros se tornaram figuras globais: o norte-americano Martin Luther King Junior (1929 - 1968) e o ganense Kwame Nkrumah (1909 - 1972). De vida mais curta, Luther King tornou-se emblema étnico e cívico nos EUA, personagem cult, com direito a dia de comemoração em sua homenagem. Nkrumah foi um dos líderes pan-africanistas que lutaram pela descolonização do “continente negro”, a luta contra o capitalismo internacional e a implantação do socialismo em escala planetária. Morreu durante um tratamento contra o câncer, na Romênia comunista, ao tempo do líder Nicolae Ceauşescu (1918 – 1989).
Essas duas personalidades influenciaram, na década de 1960, jovens latino-americanos não alinhados. Pena que Nkrumah e a luta armada dos independentistas africanos tenham tido mais versões em nosso subcontinente do que King teve entre a juventude evangélica sul-americana.
René PadillaUm doce para quem disser, sem gaguejar, os nomes dos presidentes do México, do Equador e do Paraguai. A fraqueza dos líderes do continente aumenta o potencial autoritário dos caudilhos de plantão.
Eu, hein
Só para ver se eu entendi.
Se as Farc passassem a ter status de organizações sérias e democráticas, elas poderiam ser admitidas à mesa de conversações de alto coturno.
Certo.
O ‘xis’ da questão: E os reféns, seriam automaticamente libertos ou continuariam a ser reféns?
Ótimo. Igrejas que pretendem convidar os comandantes guerrilheiros para fazerem palestras e ‘workshops’ sobre temas humanitários façam uma fila bem aqui.
Hegelianos
Latino-americanos estão a um passo de confirmarem ou reformarem Friedrich Hegel (1770 – 1831). Em seu livro Dezoito Brumário, o filósofo alemão classificou de tragédia e farsa os episódios e personagens da história. Para ele, estes teriam sempre duas edições, sendo a primeira, um trágico evento e a segunda, apenas uma imitação limitada pelo paradigma deixado pela primeira.
A sombra hegeliana desliza ao sul do trópico de Câncer, onde o continente americano vive o hiato entre nacionalismos à moda conservadora da “era do rádio” e os seus contra-pontos na suposta vanguarda esquerdista da primeira safra do século 21.
A sombra hegeliana desliza ao sul do trópico de Câncer, onde o continente americano vive o hiato entre nacionalismos à moda conservadora da “era do rádio” e os seus contra-pontos na suposta vanguarda esquerdista da primeira safra do século 21.
Pensando assim, Juan Domingos Perón, na Argentina, e Getúlio Vargas, no Brasil, teriam sido tragédias hegelianas e os nanicos Lula, Hugo Chávez e Evo Morales, então, seriam a farsa.
Georg Wilhelm Friedrich Hegel