Homens da Polícia Militar de São Paulo cumpriram, na terça-feira, 8 de novembro, a missão de desocupar o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), invadido desde a madrugada do dia 2 por estudantes que exigiam o fim da presença da PM no campus.
Cerca de 400 policiais, apoiados por helicópteros e cavalaria, entraram na reitoria da USP, na zona oeste da capital paulista, e pelo menos 70 estudantes foram levados à delegacia. No local desocupado foram encontrados rojões e explosivos artesanais ao lado de uma pichação em que aparece uma viatura da polícia sendo virada por manifestantes mascarados e portando um coquetel molotov (espécie de bomba caseira feita de garrafa, combustível e pavio).
O portão que dá acesso ao prédio foi arrombado por cerca de 400 policiais no fim da madrugada e, segundo a coronel PM Maria Aparecida de Carvalho, esse efetivo atuou para que tudo ocorresse pacificamente. Por razões ainda a serem melhor esclarecidas, essas providências só ocorreram oito dias após a invasão, cometida por elementos derrotados em uma votação organizada pelos próprios estudantes, contrariando a vontade da maioria e dos representantes legais da universidade.
A PM informou que 70 estudantes – 46 homens e 24 mulheres – foram retirados do prédio e detidos no 91º DP para averiguação e posteriormente fichados pela Polícia Civil. Na seqüência, os envolvidos responderão por não terem cumprido a ordem judicial de abandonar o prédio no prazo dado pela Justiça. Caso a perícia comprove estragos, eles também responderão por danos ao patrimônio público.
ACABOU A BAGUNÇA
Além do vandalismo constatado, exemplos de anarquia exibiram, por mais de uma semana, a falta de energia e decisão das autoridades, aparentemente preocupadas com uma repercussão supostamente negativa, caso a lei fosse aplicada e os invasores se passassem por vítimas no processo do restabelecimento da ordem.
A imprensa só teve acesso ao prédio da reitoria após a desocupação, mas constatou-se que paredes e estátuas foram vandalizadas e havia diversas manifestações contra a gestão do reitor João Grandino Rodas.
A ocupação do prédio da reitoria da USP começou como um protesto pela detenção de três estudantes que estariam fumando maconha no estacionamento durante uma festa promovida no campus na semana anterior. As reivindicações dos estudantes foram ouvidas, deixando então a reitoria, e promoveram uma assembléia na noite de terça-feira, que decidiu pelo cancelamento de nova invasão.
Foi num ato anti-democrático que uma minoria de baderneiros resolveu afrontar a polícia e a sociedade. Considerando o histórico de resistência aos atos de intransigência vividos no passado, os invasores aparentemente contaram com o temor das autoridades de serem vistas com antipatia por ingressar no campus para garantir a ordem e inibir práticas anti-sociais.
Foram divulgadas pela reitoria da USP imagens que mostram o momento em que várias pessoas forçam o portão e invadem o local. Mas os estudantes se dividem entre os que são favoráveis à presença da PM, que atende a um pedido da universidade após a morte de um estudante, supostamente durante um assaltado no campus, e os que não desejam as patrulhas no local. Já alunos contrários à presença da polícia, sem se identificar e de rosto encoberto, dizem que a PM age com truculência.
Fonte: Ig Último Segundo