quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Superman

"Então, Hilquias e os enviados pelo rei foram ter com a profetisa Hulda (...). Ela lhes disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim: Assim diz o Senhor: Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as maldições escritas no livro que leram diante do rei de Judá. Visto que me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos, o meu furor está derramado sobre este lugar e não se apagará. Porém ao rei de Judá, que vos enviou a consultar o Senhor, assim lhe direis: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca das palavras que ouviste: Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, quando ouviste as suas ameaças contra este lugar e contra os seus moradores, e te humilhaste perante mim, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor."




É um pássaro!... É um avião!... Não, é o Barak Obama!

As multidões saúdam o homem sobre quem, no momento, repousa a maior expectativa planetária que já se viu. Contudo, imaginar que esse homem tenha o poder de mudar o mundo é algo injusto com quem é apenas um homem, não um deus. Ingênuos ou não, é o que muitos em todo mundo esperam do presidente. de um país que pode estar com os dias de única superpotência contados.
Que conforto dá ler, em 2 Crônicas 34.22-27, a resposta serena da profetisa Hulda ao jovem Josias, lembrando ao rei que ele era apenas um homem.

O nome bíblico que o presidente eleito ostenta não é garantia de princípios cristãos na governança de seu país, menos ainda no resto do mundo. Contudo, é quase uma esperança que alguém com uma trajetória de vida pessoal e familiar tão inusitada, para os padrões da Casa Branca, possa levar os EUA a se destacarem na liderança moral do Ocidente, depois de tantos e vergonhosos expedientes, desde a escravidão, a Guerra de Secessão, o capitalismo brutal, o consumismo, o macarthismo, a bomba atômica, o Vietnã, o caso Watergate, o apoio aos "contras" com dinheiro das armas vendidas aos aiatolás iranianos e o seu pivô, coronel Oliver North, os testas-de-ferro Manuel Noriega, no Panamá, Saddam Hussein, antes das duas guerras do Golfo, e Suharto, na Indonésia. Agora, o deslavado calote das hipotecas que quebrou o sistema de créditos dos EUA e levou ao fundo do poço as bolsas mundiais. Do lado dos "bandidos" orientais (soviéticos, maoístas e fanáticos islâmicos), a falta de compromisso com os princípios cristãos já era um dado a considerar. Mas é no campeão do idealismo ocidental, herdeiro de tradições imperiais, que se espelham os povos convictos da liberdade e da democracia.

Não é possível conhecer totalmente o coração de alguém. Mas a política de Obama será uma forte referência para saber o lado para o qual se inclina o seu coração. Na posição em que ocupará, ele poderá influir em todos os continentes, para o bem ou para o mal, conforme o caminho que o seu coração adotar. Resta saber se ele irá mascarar seus atos com o verniz do populismo ou se dará o tom moralizador que a economia e as instituições norte-americanas precisam para trazer de volta o estado de justiça, o império da lei e da ordem.

Sem corroborar a ilusão de que os EUA são o espelho do Ocidente, é notório que parte dos demais países ocidentais, ou pró-ocidentais, perdendo o "trem da história", ocupam-se egoista e miopemente com suas próprias finanças, e outra parte ainda se debate com a construção de instituições internas, um quadro de imaturidade para o exercício da liderança internacional.

Com o bafo chinês na orelha, ainda não se vê no horizonte a que país a fatigada liderança dos EUA passará a vez. Se o seu desgaste se acelerar e a China consolidar o seu império, haverá um vácuo perigoso, abrindo-se a porta a uma luta leste-oeste pela primazia, forçando a União Européia a sair do sossegado segundo lugar para tentar por ordem no caos e sair debaixo de uma eventual chuva de mísseis.

Será que Barak Obama entrará numa cabina telefônica, para trocar seu alinhado terno pela malha colorida do homem de aço, e voar à volta do globo, fazendo-o voltar no tempo?