sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A virgindade é importante?

Este assunto tem sido um pomo de discórdia entre gerações e entre diferentes posições assumidas por pessoas na sociedade, ou mesmo dentro da Igreja. Lendo sobre o assunto na Bíblia, vemos em 1 Coríntios 7.35-36: "... se alguém julga que trata sem decoro a sua filha, estando já a passar-lhe a flor da idade, e as circunstâncias o exigem, faça o que quiser. Não peca, que se casem", percebemos que a Escritura não se detém muito sobre o tema. A outra passagem está em Ezequiel 44.22, indicando a preferência para as virgens no casamento de sacerdotes. Ocorre, no entanto, muita exasperação provocada por conceitos locais e modos culturais de lidar com a questão. Contudo, mesmo com a economia da Bíblia em textos sobre a virgindade, ela não encoraja nem endossa a promiscuidade. Aliás, é fácil reconhecer que virgindade não é algo que preocupe apenas à juventude, nem mesmo apenas à mulher. Ela afeta a família, a Igreja, a sociedade, a justiça e a medicina. Afinal, virgindade não é um assunto apenas religioso ou moral, implica em cuidados de saúde, o direito e a responsabilidade civil de indivíduos e grupos. Multidisciplinar, ela envolve aspectos delicados do comportamento social e da saúde emocional. Então, se a virgindade fosse um órgão do corpo, ela deveria ser protegida como fazemos com os olhos, quando nos chocamos contra um objeto grande: cobrimo-los com braços e mãos. Sim, pois os olhos são órgãos nobres e essenciais. A virgindade, em certo sentido, também. Porém, o mais importante da virgindade não diz respeito àquela parte do corpo - o hímen - que se rompe na primeira relação sexual. Seu aspecto mais relevante diz respeito ao rompimento moral e à poluição espiritual. Devo ser mais claro: eu costumo brincar, dizendo que a mulher é o projeto final da criação enquanto o homem é o rascunho, o modelo inicial de Deus, isto é, um protótipo da espécie, que viria a ser aperfeiçoado na fisiologia feminina. Um exagero, é claro. Mas isso ilustra o valor da preservação do hímem, um acabamento em pele da mucosa vaginal. Na mulher, esse pequeno detalhe integra um sistema com conexões nervosas (sensibilidade), psicológicas (instinto de preservação da integridade física como parte da saúde emocional) e espirituais (conceitos morais afeitos à responsabilidade pessoal). Seu valor é crucial para a mulher, como se fosse o laço que ata um segredo pessoal muito significativo. Toda mulher carrega consigo um segredo especial a ser partilhado, apenas, com alguém que esteja disposto a ser seu companheiro (no masculino, pois a biologia humana habilita a fêmea para o macho e vice-versa). Quando a mulher antecipa seu segredo íntimo a alguém que não tem maturidade nem responsabilidade para lidar com isso, ela sofre o rompimento, não de uma película apenas, mas de sua integridade emocional e espiritual, além da perda do hímen, cujo valor cultural pressiona-a ainda mais. Ao contrário do senso comum, nada tem a ver com moralismo. O moralismo tem sido, simplesmente, o padrão desenvolvido para encaminhar a questão e tratá-la de modo raso e corriqueiro. O que, a rigor, não ajuda a mulher; na maioria das vezes, apenas serve para recriminá-la. Por isso, não é para dar tanta importância ao rompimento do hímen, e sim, à psiquê ferida e ao espírito deprimido, que aceitou uma comunhão na qual a mulher, na maioria das vezes, tem sido perdedora. Para não dizer que o abuso contra a mulher, via de regra, têm seu eixo na dominação sexual, no uso da mulher como objeto. Daí a importância de a mulher avaliar muito cuidadosamente a pessoa com quem está prestes a partilhar seus segredos mais íntimos. Isto para evitar, o máximo possível, decepções e dissabores amorosos. Curiosamente, muitas sociedades que consagram, em suas legislações, o estupro como ação sexual da pessoa adulta contra a criança, incapaz ou menor de idade, ao mesmo tempo, defendem a liberdade sexual dos jovens, achando natural o sexo na adolescência. Elas mesmas geralmente não reconhecem adolescentes como pessoas maduras e legalmente responsáveis, mas quanto ao sexo, parecem atribuir-lhes a decisão, por si mesmos, de antecipar ou não a maturidade.