quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

João Wesley foi maçom?

Bispo Paulo Ayres Mattos responde a insinuações de que João Wesley teria sido maçom.



Uma mensagem a todos os membros de Brasil Metodista

Meu irmão Zé do Egito,
Paz!
Obrigado pela honra de me fazer referência nesta discussão sobre a maçonaria. Em primeiro lugar, deixe-me externar publicamente pela primeira vez minha opinião sobre este assunto: não fui, não sou e nunca serei maçom! Nunca tive qualquer contato público ou particular com a maçonaria. Fui criado num lar influenciado pelo movimento de santidade divulgado no Brasil na década de 1930 por George Ridout (portanto averso à maçonaria) e que também tinha grande apreço pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, um dos fundadores da Igreja Presbiteriana Independente em seu rompimento com a maçonaria. Por onde passei como pastor nunca fui abordado por maçom para fazer-me um deles; creio que sabiam da minha aversão à maçonaria. Alguns amigos me disseram que a razão pela qual os maçons não se aproximavam de mim é porque eu era esquerdista e lutava contra a ditadura militar, menos mal (ainda que minhas idéias socialistas me valeram alguns problemas com o DOPS e o aparato de repressão da ditadura, dentro e fora da Igreja). Sempre tive muito mais trabalho pastoral do que podia fazer para ter tempo de me fazer membro de tal sociedade. Por onde passei como bispo sempre entendi que os metodistas sob minha supervisão episcopal, pastores e leigos, tinham tanto trabalho para realizar na obra da Igreja que não lhes restava tempo para outras associações como a maçonaria e, por isso, quem era maçom acabou deixando de lado a maçonaria e ficou dormindo, como dizem os maçons. Nunca os persegui e também nunca pedi para que fizessem rituais rompendo com a maçonaria porque não acredito neste tipo de ritualismo segundo os rituais prescritos pela confissão positiva porque entendo que as coisas que passam pelos lábios nem sempre passam pelo coração e na verdade frequentemente não têm valor algum. Portanto, ainda que reconheça que historicamente a implantação do protestantismo no Brasil recebeu forte apoio da maçonaria e que muitos dos grandes vultos evangélicos no Brasil, missionários e nacionais, foram maçons, e isto não há como se negar, creio que hoje um bom metodista não tem razão e nem tempo para se envolver com a maçonaria.
Agora sobre a relação de Wesley com a maçonaria: no Journal e no Diaries de Wesley não foram encontradas quaisquer entradas que possam ainda que de longe insinuar qualquer iniciação do nosso pai espiritual na Maçonaria. Nem na literatura sobre a vida e obra de Wesley. Muito pelo contrário. Num site pertencente a uma loja maçônica no Canadá a gente encontra a seguinte informação:
“John Wesley (June 17, 1703 - March 2, 1791) Anglican clergyman and founder, with his brother Charles, of the Methodist movement. Contrary to some reports, he was not a freemason. There was a John Wesley made a Master Mason in Union Lodge of St. Patrick No 367, Downpatrick, Ireland on October 13, 1788. It is true that the Rev. John Wesley visited Downpatrick on June 11-5, 1778, returning on June 10, 1785, June 12, 1787, and June 10,1789. But the Rev. John Wesley’s diaries record that he was in Wallingford, near London, on October 13,1788.” [http://freemasonry.bcy.ca/biography/wesley_j/wesley_j.html]. [Já mencionada pelo Rev. Francisco Neto num comentário postado anteriormente sobre este assunto].
Outra importante fonte maçônica que se encarrega de deixar claro o fato de que Wesley nunca se tornou membro daquela sociedade é a Encyclopedia of Freemasonry, que no seu segundo volume, na entrada correspondente a John Wesley, p. 1.101, afirma:
“WESLEY, REVEREND JOHN: On many occasions the claim has been made that John Wesley, born June 17, 1703, died March 2, 1791, founder of Methodism, was a member of a Lodge at Downpatrick, Ireland. These assertions were carefully examined by Brother W. J. Chetwode Crawley in volume xv, 1902, Transactions of Quatuor Coronati Lodge, and his opinion is as follows: ‘Reviewing the circumstances of the supposed initiation of the Reverend John Wesley in the Lodge at Downpatrick, we are driven to the conclusion that the idea is altogether illusory, and based on a palpable confusion of identity. Equally convincing is the truth that the veritable John Wesley had not been admitted to the Craft at any time previous to his visit to Ballymena, in June, 1773, and that, up to the seventieth year of his age, he entertained but a dubious opinion of Freemasonry and its secrets. This last consideration compels us to the further inference that he did not join the Craft at any subsequent period of his life. Otherwise, the surprising change of opinion involved would not fail to have been chronicled in his copious and accurate journals and diaries.’ (see also Wesley’s Journal, authorized edition, volume III, page 500).” [http://encyclopediaoffreemasonry.com/w/wesley-reverend-john/]
Diante destas afirmações (que preferi deixá-las no original para não me trair na tradução, pois, como dizem os italianos, "tradutor, traidor"), creio que, honestamente, não há qualquer evidência histórica sobre a pertença de Wesley a maçonaria. Portanto, qualquer afirmação diferente é mera especulação de quem não tem coisa séria para fazer.

Fonte: Brasil Metodista