quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Evangélicos que falam português




Tem sido um pensamento freqüente agregar competências em diaconias e ações pastorais que contenham também representativade local, regional e internacional do universo cristão, em especial no âmbito de igrejas evangélico-protestantes.
O texto a seguir foi produzido sem preocupações acadêmicas, como um sinalizador, uma espécie de estimulador, para tentar dar início a alguma discussão. Ele pode e deve ser criticado, pois não passa de um rascunho a ser emendado.
É desejável que quem fique sensibilizado viesse somar-se visando a uma eventual concretização dessa idéia que é agregar entidades cristãs evangélicas lusofônicas em torno de reflexões e ações transformadoras.
Pode ser e é de fato uma utopia, mas se um dia vier a se concretizar e integrar organismos como a Aliança Evangélica Mundial (WEA) e manter diálogos com outros organismos regionais. Por baixo, as igrejas locais lusófonas ganham uma representatividade em foruns internacionais e, na melhor das hipóteses, as igrejas locais saem fortalecidas pelo respaldo e diálogo permanentes com seus pares.




Uma aliança evangélica para as comunidades de língua portuguesa

Quase 300 milhões de seres humanos, espalhados por todos os continentes, usam a língua portuguesa para exprimir suas idéias e vontades, para interagir com vizinhos geográficos e vizinhos culturais, para incutir princípios e valores, sobretudo em suas crianças. Em oito países, além das populações de Macau, na China, Goa, na Índia, e comunidades migrantes espalhadas mundo afora, essas pessoas têm consagrado o português como o idioma de seu dia-a-dia.

A língua portuguesa, a sexta mais falada no mundo, dispõe de vastíssima literatura e recebe um considerável volume de obras cristãs escritas, faladas ou cantadas com o intuito de alcançar a quem pratica o idioma. Inumeráveis congregações cristãs empregam quotidianamente a Bíblia e outras peças de comunicação vertidas em português. Com esse grau de desenvolvimento do vernáculo, é de se esperar que as comunidades que falam e escrevem em português tenham a capacidade de se enxergar mutuamente e que possam se organizar e articular ações de intercâmbio e sinergia que lhes permita o desenvolvimento humano em bases cristãs. Isso quer dizer que a identidade lingüística é fundamental nas estratégias que buscam mais desenvolvimento cultural e intelectual, social e político, econômico, jurídico. É fácil de compreender que isso significaria mais segurança, identidade e determinação, maturidade política, enfim, mais civilização.

Os objetivos propiciados pelo correto e estratégico emprego do idioma pode ser aliado da evangelização. Nessa missão, podemos descobrir, enquanto homens e mulheres de convicções cristãs, que temos muito em comum a despeito de nossas diferenças e das distâncias econômicas e geográficas que nos separam. Todos desejamos para nossos povos que haja maior capacidade de autogestão, mais eficácia em atingir o grau civilizatório que nos permita lutar contra os fatores da pobreza e dos sofrimentos dela decorrentes.

Sendo cristãos e cristãs de variados matizes confessionais, ciosos de nosso destino enquanto agentes de transformação da realidade imediatamente à nossa volta, estamos convictos de que Jesus nos legou a missão de anunciar o Reino de Deus, conforme a seguintes citações dos evangelhos: “E, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o Reino dos céus” (Mateus 10.7); “... tu, porém, vai e prega o reino de Deus” (Lucas 9.60); “Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos” (Lucas 9.2). Para isso, a produção e distribuição de Bíblias em nossos países é a primeira etapa da semeadura da semente do Reino. Não para ai; prossegue com iniciativas que aprofundem a tarefa de discipular essas nações para o Senhor Jesus Cristo.

De que iniciativas falamos?

Certamente, as igrejas e demais associações cristãs que operam nesses campos da Missão têm realizado ações de evangelização, discipulado, educação cristã, capelanias e ação social, além do que têm alcançado excelência na condução de programas de desenvolvimento comunitário, combatendo os males da miséria, ignorância, opressão e violência.

É hora de somar o que aprendemos a fazer para isso chegar a outros lugares e pessoas. É possível atingir mais pessoas e grupos por meio de ações pastorais integradoras. Poderemos afirmar o Reino de Deus de modo mais efetivo se formos “um só”, como ensinou Jesus: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17.21). Será mais facilmente ouvido o brado desses 300 milhões ao redor do mundo se o brado for o mesmo: “Só o Senhor é Deus!” (Deuteronômio 4.39).

As denominações cristãs que aparelharam irmãos e irmãs, cheios do Espírito Santo, para o exercício de seus dons e ministérios, por amor a seus compatriotas, certamente podem somar esforços formando uma rede de serviço cristão, sem perda de sua autonomia nem se submetendo ao controle de agências reguladoras estrangeiras. Basta apenas que desejem comungar dos ideais do Reino compartilhando o seu saber e aprendendo de outras experiências para maior eficácia de seus programas. Em alguns países, já foram desenvolvidas organizações que contam com valiosa competência em ações pastorais dessa natureza. Grandes temáticas são estratégicas na formação de capelanias específicas, tais como:

· Economia; cristãos comprometidos no combate à pobreza, incremento de trabalho e renda como meios para o bem-estar comunitário

· Saúde: cristãos engajados em avanços médico-clínicos e acesso social a medicamentos

· Cultura, educação, ciência e tecnologia: identidade, expressão e desenvolvimento intelectual na perspectiva bíblico-evangélica

· Política: propostas para a maturidade da participação vinculada aos valores éticos e espirituais do cristianismo

· Recursos naturais: os desafios planetários para a responsabilidade cristã em economias sólidas, democráticas e sustentáveis

· Teologia e doutrina: reflexões fraternas acerca dos temas bíblicos e sua relevância para as sociedades modernas como instrumento de aperfeiçoamento das virtudes e competências no serviço cristão

· Missões: desafios e bases para o desenvolvimento de iniciativas e gestão de projetos de expansão da fé cristã em um mundo globalizado

· Cidades: projetos baseados em valores cristãos para o incremento da justiça e boa vontade diante do desafio das relações entre sociedade e indivíduo

· Crianças: o cuidado e o incentivo para com as crianças e suas famílias em tempos de mudança de paradigma sobre o lugar e papel da infância

· Família: ações e propostas para a transformação das famílias em busca de ideais construtivos para a solidificação de suas relações

· Terceira idade: inclusão, participação e resgate da sabedoria de pessoas idosas na construção da identidade cristã, fraternidade e mútuo cuidado comunitário

· Minorias: chaves para a justiça, o diálogo e o respeito em bases cristãs para com todas as pessoas

· Liberdade religiosa: propostas afirmativas em apoio às comunidades cristãs e não cristãs que sofrem qualquer forma de perseguição por razões religiosas, ações de

socorro às vítimas da perseguição que incluam o repúdio às políticas dos perseguidores


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Outras diaconias, capelanias e ações pastorais podem ser organizadas.

A meu ver, que há de bom nesta proposta é que ela contempla a mútua necessidade de nos comunicarmos afim de compartilhar visões e experiências para que, juntos, “lancemos redes ao mar” em nome de Jesus.

O e-mail lpvergara@ig.com.br está à disposição dos comentários.


COMENTÁRIOS

Parabéns, querido Luciano, Espero que logo o cristianismo evangélico passe a abrir seus horizontes para uma influência que valorize as contribuições pessoais (e não somente o "como igreja" e seu significado corporativo) e abranja toda a sociedade (e não somente um "evangelismo" míope, centrado na "alma"). Isto quanto à atualidade do texto e o objetivo das ações. Quanto à organização, nada a comentar.


Renato Wright Maia