segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Aliança Evangélica inicia movimento de oração por São Paulo

Conclamação à oração acerca da violência que assola São Paulo No fim desta manhã de 8 de novembro de 2012, a região metropolitana de São Paulo contabilizava 13 mortes e oito pessoas feridas a tiros, nas últimas 15 horas. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “Essa já é a terceira semana em que são registrados diversos crimes durante a noite na região metropolitana. Na maior parte dos casos, os criminosos estavam em motos ou carros quando atiraram em pessoas que passavam pela rua. Também há registro de outros casos de ataques a ônibus.” Em setembro os homicídios cresceram 96% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram mais de quatro ocorrências por dia. Outubro se mostrou ainda mais violento, com 152 mortes. No acumulado de janeiro a setembro, a alta foi 22% na capital. E o número total de homicídios até o fim de outubro já soma 1.071 pessoas mortas. Dentre estas contam-se 90 policiais mortos, pelas contas da PM paulista. Além das perdas de vidas humanas, há vários casos de vandalismo. Tem havido incêndios de vários ônibus, como o desta noite passada, um veículo biarticulado que ficou totalmente destruído. Em decorrência disso, por receio, motoristas deixaram de trabalhar e a população ficou sem transporte em algumas áreas da cidade. A Aliança Cristã Evangélica vem a público manifestar sua preocupação com esta situação que deixa a população temerosa com tamanha insegurança e risco à vida. Choramos a perda de tantas vidas, nos entristecemos com uma sociedade que vive sob o signo do medo, nos solidarizamos com a dor de famílias que perdem seus queridos, muitos dos quais no exercício de suas atividades profissionais dignas e outros de maneira banal, por se encontrarem em meio a confrontos armados ou serem alvo de balas perdidas. Conclamamos as inúmeras igrejas em nosso meio a plantarem entre os seus membros sementes de justiça e paz e uma cultura de repúdio à violência. Conclamamos as igrejas, ainda, a se expressarem publicamente contra essa onda de violência e em favor da paz na cidade onde vivemos. Rogamos ao povo de Deus no Brasil que ore em favor da nação brasileira e, em particular, por essa onda de violência em São Paulo. Lembramo-nos das palavras do profeta Isaías: “O fruto da justiça será a paz; o resultado da justiça será tranquilidade e confiança para sempre. O meu povo viverá em locais pacíficos, em casas seguras, em tranquilos lugares de descanso” (Isaías 32.17,18). Ontem mesmo um grupo de líderes da igreja evangélica brasileira, vários dos quais participantes da liderança da Aliança Evangélica, esteve reunido avaliando esta situação. Convidamos a igreja a que se lembre dela em suas orações. Sabemos que há várias redes de orações no Brasil que estão colocando este assunto em seus clamores. Também acompanhamos os PMs de Cristo, que são membros da Aliança, em sua dor, sentimento de perda e angústia e em sua mobilização e intercessão pelo cessar dessa violência e a busca de uma vivência de paz e justiça em São Paulo e em nosso país. Na graça e na misericórdia de Deus, Conselho Gestor da Aliança Evangélica

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Esboço: Com minha casa servirei ao Senhor

Josué 24.14-15 Tese: O testemunho cristão no lar é tão importante quanto os trabalhos missionário e evangelístico, pois o lar é a base, o espelho e o estágio preparatório de nosso serviço comunitário. A – INTRODUÇÃO i) Necessidade imperiosa de temer a Deus ii) Com integridade e fidelidade iii) Abandonando (jogar fora) outros deuses iv) Decidindo (escolhendo) a quem servir: o Senhor ou os deuses tradicionais (costumes da terra) B – DESENVOLVIMENTO I - Eu e a minha casa 1. Casa é lar 2. Casa é família 3. Casa é abrigo 4. Casa é onde estamos juntos e cuidamos uns dos outros (1 Tm 5.8) II - Serviremos 1. Servir é cuidar 2. Servir é prover 3. Servir é atender 4. Serviremos, decidia e especialmente, a família da fé (Gl 6.10) III - Ao Senhor 1. O Senhor é alvo de nosso amor e cuidado 2. O Senhor é digno de ser servido 3. O Senhor merece nossa integridade, fidelidade e dedicação (Cl 3.18-41) C – CONCLUSÃO i) Condicionemos toda a nossa ação sob o propósito de atender ao Senhor com zelo. ii) A família é escolha do Senhor como o melhor aparelhamento para o serviço dos sés santos. Comunidade (Comunidade Evangélica Missão Ágape, Vila da Penha, RJ) – Manhã de domingo, 16/09/2012

Esboço: Improvável socorro

1 Reis 17.1-16 Deus opera maravilhas na experiência individual de um servo comprometido, obediente ao Senhor e este deve ir compartilhar as maravilhas de Deus no decurso de sua missão. A - INTRODUÇÃO i) Foi apenas um estágio preparatório do profeta Elias o milagroso sustento junto ao ribeiro Querite ii) Enquanto o ribeiro fluiu, Elias teve água, alimento, proteção, quando havia carência desesperadora em toda a região iii) Esse estágio prévio foi fundamental para o desempenho do ministério que viria a realizar em terras fenícias. B - DESENVOLVIMENTO I Parceria missionária com uma família estrangeira: Em direção ao desafio 1. Ações importantes do profeta: a) dispôs-se b) levantou-se c) partiu para o campo missionário 2. No campo missionário (Sarepta, nas proximidades de Sidon, Fenícia/Líbano), Elias pôs em prática os ensinos de sua experiência individual junto ao ribeiro Querite II A partilha de um socorro improvável - Hebreus 11.1; Mateus 11.12 1. Com uma palavra de incentivo, o profeta ensina a viúva sobre o exercício da fé a) é pela fé que somos incluídos na Salvação 2. A viúva se exercita na disciplina (obediência a um critério) e cresce em liderança e maturidade a) Elias foi reconhecido por ela como uma referência espiritual b) Conforme o Novo Testamento, João Batista exerceu um ministério de liderança espiritual entre o povo e era respeitado até pelos grandes e poderosos C - CONCLUSÃO i) Deus sempre cumpre suas promessas ii) Confiar no Deus da promessa assegura a concretização do milagre iii) Em conseqüência, é reconhecida a liderança como profeta e homem (ou mulher) de Deus

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Acumulação

Há pessoas doentes da alma, que vivem para acumular. Os acumuladores juntam coisas e até animais, como demonstra um documentário do Canal Discovery, na TV a cabo. São pessoas que sofrem de certo transtorno, pelo qual se sentem impelidos a ajuntar objetos, sem poder se desfazer deles. Dão sempre uma desculpa racional para o hábito, que dificilmente reconhecem como doentio. O motivo é sempre sentimental ou econômico. Pessoas de fora não enxergam razões para a acumulação, pois o mecanismo psicológico do acumulador é sempre oculto, instalado na alma humana. Estima-se que haja cerca de três milhões de pessoas, de todas as faixas etárias, com esse transtorno. Esse hábito pode esconder tremendas frustrações e sentimento de vazio emocional, o qual a pessoa acumuladora tenta superar amontoando coisas que lhe dão certa satisfação. O termo ‘acumular’ vem do latim e significa juntar, amontoar, empilhar. A idéia embutida na expressão é a de reunir e conservar uma boa quantidade. A Bíblia diz: “Ai daquele que ajunta... bens mal adquiridos, para por em lugar alto o seu ninho” (Hc 2.6). Aqui, ajuntar está no contexto de saque, pilhagem, roubo. “Não acumuleis... tesouros sobre a terra.... mas ajuntai... tesouros no céu” (Mt. 6.19-20). O evangelista se refere ao contraste entre manter valores e projetos aplicáveis apenas à vida terrena e transitória e formar um patrimônio de valores espirituais, rendendo para além, na eternidade. “... Segundo a tua dureza e coração impenitente acumulas ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (Rm. 2.5). Paulo censura o fingimento de alguns que queriam parecer bons apenas para julgar e condenar outras pessoas, estando eles mesmos em pecado. “O vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugem... há de ser por testemunho contra vós mesmos... tesouros acumulastes nos últimos dias” (Tg 5.3). O contexto mostra que o autor critica gente gananciosa, que enriquece com a miséria de outros. Na Bíblia, a acumulação é freqüentemente tratada como um distúrbio social, entre pessoas. É um pecado que marca os relacionamentos, gera abusos e deixa gente machucada. Não é apenas o transtorno de ajuntar coisas inúteis, mas principalmente um modo de oprimir pessoas e estragar o convívio. Jesus nos ensina a repartir o que temos. Ele quer que multipliquemos para todos, como ensinou o Mestre no milagre dos pães e dos peixes (Mc 6.30-44).

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vivendo em uma fortaleza - Rev. LUCIANO P. VERGARA

Leia Salmos 27.1-7***** O salmista fala de um lugar iluminado e seguro. Em sua vida, Deus lhe proporciona luz e salvação. Nesse lugar, o autor sente-se protegido, mesmo que esteja cercado por um exército. Que lugar formidável é esse? Qual fortaleza inexpugnável lhe serve de morada? O rei Davi, que escreveu o Salmo 27, ficou muito triste quando soube da vitória de suas tropas contra as de seu filho Absalão, que usurpara o reinado, provocando a fuga do próprio pai. Absalão, agora, estava morto. Mas a atitude do rei precisava considerar a continuidade do reino e o retorno à normalidade. Havia terminado a tirania. Seu povo estava livre e o trono, legitimado. De onde vinha a confiança do rei? Vinha do fato de poder ele invocar a fidelidade do seu Deus, de estar oculto sob o teto de sua habitação – o pavilhão. As esperanças de Davi, em momentos de angústia voltavam-se para o tabernáculo, a tenda do santuário, a casa de Deus. Teve, provavelmente, a mesma lembrança que temos em nossas lutas: nós nos lembramos da igreja e do povo que ora. Mais ainda: o nosso templo é o próprio Jesus Cristo (Jo 2.19-22), o qual, mesmo tendo sido morto, ressuscitou em três dias, isto é, reergueu o verdadeiro templo – seu corpo – da morte. Daí, concluímos que Davi, mesmo considerado vencido e acabado, voltou ao trono para terminar gloriosamente o seu reinado porque se sentia abrigado pelo templo e fortaleza de seu Deus. Ele creditou a Deus sua vitória, pois não hesitou em clamar: “Ouve, Senhor, a minha voz..., responde-me.”

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Modelo de sociedade - Leia a Bíblia em Eclesiastes 4.9-12

“Em casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”, ensinava o antigo ditado. Vivemos, hoje, em uma sociedade competitiva, na qual disputar é mais comum do que repartir. Obviamente, quando a solução para encontrar conforto e satisfação for a mera aplicação de um raciocínio quantitativo, faz sentido haver disputa entre as pessoas. Mas seria esta a única verdade possível, o único modo de obter uma condição satisfatória de vida? A Bíblia ensina que há como se obter uma “melhor paga do trabalho”: a partilha de esforços. Dois indivíduos, atuando juntos na mesma empreitada, podem terminá-la mais rápido, com resultados melhores. Isto porque, quando somam as habilidades e esforços de ambos, o que eles alcançam ultrapassa o resultado matemático. Na partilha, o estímulo emocional da boa vontade os anima a alcançarem mais do que se estivessem isolados, sem comunhão, sem solidariedade. O que aprendemos com a passagem de Eclesiastes é que a partilha potencializa nossos esforços e multiplica os resultados. Quando uma comunidade, diante de um problema, busca uma solução compartilhada por todos, não é apenas aquele problema que é solucionado; desaparecem conflitos, depressões são superadas, a auto-estima melhora e as pessoas passam a usar o mesmo modelo para a solução de outros problemas. No fim, o ganho é sempre maior do que estar a sós. É preciso vencer o costume de se isolar, de tentar resolver as coisas apenas de um jeito, de viver sem se incomodar com o que incomoda o vizinho ao lado. Em Cristo, somos família, somos comunidade de direitos e responsabilidades, somos povo de Deus, que mutuamente se respeita e se ama. E, segundo a promessa de Jesus (Mt 16.18), nem as portas do inferno podem resistir a esse povo que o Mestre chamou de igreja.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Brasil: 22,2% de evangélicos - Luciano P. Vergara, jornalista

A divulgação do censo do IBGE, com dados relativos a 2010, trouxe a lume o aumento significativo e inquietante da presença do segmento evangélico na população brasileira. Somos hoje algo em torno de 42 milhões de pessoas que assumem sua identidade com as práticas das mais variadas igrejas evangélicas. Ainda é um fenômeno marcadamente urbano, mas não exclusivamente das grandes metrópoles. Se um dia foi tido como um fenômeno apenas dentre as classes proletárias, hoje ser evangélico também pode ser visto como um movimento socialmente emergente, com empresários, profissionais liberais destacados e integrantes do alto funcionalismo em todas as esferas. O impacto econômico e a gama de serviços e produtos ensejados pelo segmento são visíveis na publicidade, nos meios de comunicação de massa, face ao incremento de sua produção cultural. Na esfera intelectual, os meios acadêmicos de hoje contam, cada vez mais, com profissionais, pesquisadores, estudantes e empreendedores que assumem a sua condição de evangélicos. Porém, existe o risco fortíssimo de acomodação filosófica e de um pacto dessa camada emergente com os valores, práticas e objetivos da elite burguesa e política. A combatividade de uma minoria, historicamente herdeira da expansão missionária do século XIX e que atingiu sua maioridade a partir dos anos 30 do século passado, pode ser sucedida por uma redefinição de seu papel social e político em razão de ter alcançado as benesses da ascensão social. Deste modo, supor que em breve os evangélicos ultrapassarão a metade da população do país não justifica repousar sobre louros históricos. Uma questão de tempo, talvez. Mas há ingredientes no interior do processo que devem ser observados, sob pena de, em pouco mais de 150 anos desde que se fundaram aqui as primeiras comunidades protestantes de missão, chegarmos ao topo da sociedade e não a termos transformado; pior, de a termos deformado. Onde mais crescemos? Se há mais evangélicos, é preciso verificar onde houve aumento, porque e para quê. Foi apenas na base – as classes C, D, E? Neste caso, o aumento não nos coloca em posição de liderança social, política e intelectual. Continuaremos a desempenhar papel subalterno, sem influir diretamente nas decisões que afetarão os rumos do país. Com quem mais nos parecemos politicamente? Com os setores reacionários, conservadores da antítese “casa grande – senzala”, efeito comum a quem enriqueceu e se estabilizou, ou com os setores progressistas, insatisfeitos com o lugar que lhes foi reservado pelos “pais” da nação? A resposta a este quesito é fundamental para que seja avaliado se amadurecemos para acumular ou para repartir; se negamos nossa origem e abjuramos nosso mandato ou, ao contrário, se confirmamos que nossa caminhada até o topo se inicia na manjedoura. Brasil mais evangélico Um país em cuja população há quase um evangélico para cada quatro habitantes tem o seu perfil cultural alterado pelos valores evangélicos. Para as próximas décadas, há muitas perguntas aguardando resposta. Pode-se esperar mais respeito entre as pessoas? Mais amor entre diferentes? As estatísticas refletirão mais tolerância? Diálogo ao invés de altercações? Haverá mais perdão? Se a população evangélica, cujas fontes são o Evangelho de Jesus Cristo, o legado bíblico e respeitáveis tradições da civilização protestante, como ficará o respeito à mulher? Como serão tratados idosos e crianças? Que lugar ocuparão na agenda política os direitos de trabalhadores? Que estatuto regerá o tratamento às pessoas especiais e aos mais pobres? Haverá mais inclusão pela educação, os cidadãos terão mais responsabilidade na conduta civil ou continuarão infantilizados pelo paternalismo político, pródigo em bolsas e econômico em cultura e cidadania? Valores cristãos País evoluído há de querer redefinição de papéis e responsabilidades. Os valores evangélicos que se supõe acompanharem a nova palavra de ordem apontam, entre outros, para a família brasileira, que há muito espera por mais saúde, justiça, educação, habitação, acesso aos avanços sociais, econômicos e culturais de um país desenvolvido. Se os evangélicos influem na política, espera-se mais transparência nas finanças e na administração de políticas públicas. Os valores de uma sociedade também afetam os códigos legais. Como ficará o casamento monogâmico entre pessoas de sexos opostos? Haverá lugar a decisões judiciais impermeáveis a esses valores, com castas de juízes reinterpretando a própria constituição? É de se esperar que, com mais evangélicos na sociedade, seja outra a densidade ética dominante. E, no âmbito religioso – templos, confissões e instituições ligadas à fé –, as condutas morais e o saber teológico revelem maior compromisso com a Bíblia e menos do falacioso marketing de empreendimentos religiosos. Afinal, com a consciência afinada com a expectativa do Reino de Deus entre nós, havemos de superar, de um lado, os supermercados da religião barateadora das dádivas espirituais e, do outro, a sedução da teocracia oferecida pelos “aiatolás” do messianismo fanático travestido de líderes evangélicos.

domingo, 17 de junho de 2012

Papel da Soma reciclado

"Conselho editorial" da revista Soma (impressa) volta a reunir-se nesta segunda-feira, 18/06/2012. Novos sonhos nos animam. É momento de orar para que a Soma volte ao seu papel de informar e inspirar cristãos e cristãs de toda parte a crer e buscar mudanças que antecipem o Reino entre nós.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Magistral reflexão para gente sem noção

Artigo de Reinaldo Azevedo (veio pela internet) ABANDONO AFETIVO É PURA MANIFESTAÇÃO DE “DIREITO CRIATIVO”! É DEGRADAÇÃO DA CULTURA DEMOCRÁTICA. OU: QUANTO CUSTA O AMOR PATERNO? Os Cachoeiras e, sobretudo, as cascatas que tomam conta da vida pública acabam nos levando a deixar de lado alguns temas relevantes, que dizem respeito não exatamente à política como jogo do poder, mas à cultura política entendida como uma ética de relação com o outro e com o mundo. Estamos nos tornando um país de fanáticos do sentimentalismo, de pervertidos da reclamação, de ditadores da reparação. Aquele que tiver a sorte, para desdita de muitos, de manejar o aparato do estado impõe, então, o seu fanatismo, a sua perversão, a sua ditadura. E ao arrepio da lei! Lei pra quê? O que importa é “fazer justiça” segundo a metafísica influente. Em uma decisão inédita, a 3º Turma do STJ reconheceu o direito que tem uma filha, hoje com 38 anos, de receber uma indenização de R$ 200 mil de seu pai. O “crime” dele: “Abandono Afetivo”!!! É inútil procurar essa caracterização em qualquer código. Não existe. Trata-se de uma manifestação de “Direito Criativo” — área em que o Brasil desponta para o mundo com farta produção —, formulado com base em umas tantas considerações de ordem subjetiva feitas por juízes. Vocês certamente acompanharam o caso. Um senhor teve uma filha fora do casamento. Depois de uma ação judicial, ela foi legalmente reconhecida e assistida materialmente. Goza de todos os direitos dos demais herdeiros. Mas reclama que não foi devidamente amada quando criança… A exemplo da Lei da Palmada, a decisão da Justiça constitui uma intromissão absolutamente inadmissível do estado na vida dos indivíduos. Como mensurar se esse pai deu amor demais ou de menos? Como estabelecer um padrão mínimo — garantida a assistência material, que existiu — de dedicação amorosa, de modo que possa ser mensurada num tribunal? O que sabem aqueles juízes das altercações e dificuldades que pai e mãe, numa relação não-familiar, tiveram ao longo da vida? Por que é ele, necessariamente, o vilão da história? A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, argumentou por um caminho curioso: “O cuidado é fundamental para a formação do menor e do adolescente. Não se discute mais a mensuração do intangível — o amor —, mas, sim, a verificação do cumprimento, descumprimento ou parcial cumprimento de uma obrigação legal: cuidar.” O pai dispensou, segundo consta, o cuidado que está estabelecido em lei. A filha está reclamando é de falta de amor. E, ora vejam, contrariando, então, o que diz a ministra, é justamente esse amor que está sendo mensurado. A mulher havia perdido a causa em primeira instância. Recorreu ao Tribunal de Justiça e ganhou, com uma indenização fixada em R$ 415 mil. O STJ reformou a decisão para R$ 200 mil. Fico cá me perguntando: como chegaram àquele primeiro valor? Aqueles R$ 15 mil, em particular, desafiam a minha quietude: o que ele deveria ter feito para que fosse, sei lá, apenas R$ 400 mil? Por que o próprio STJ considerou que o “abandono afetivo” não vale tanto, podendo ficar por R$ 200 mil mesmo? Este trecho da reportagem do Estadão é espetacular: “A ministra afirmou que a filha conseguiu constituir família e ter uma vida profissional. ‘Entretanto, mesmo assim, não se pode negar que tenha havido sofrimento, mágoa e tristeza, e esses sentimentos ainda persistam, por ser considerada filha de segunda classe’, disse Nancy.” Entendi. Ela recebeu o devido aporte material, leva uma vida normal, constituiu família, tudo nos conformes. Mas sobrou “a dor”. Ora, Val Marchiori já nos ensinou em “Mulheres Ricas”, certo? Não há dor que o dinheiro não cure… Relooouuu!! Ineditismo por ineditismo, por que essa filha, que é herdeira do pai (como os irmãos), não recorreu à Justiça para obter, então, um mea-culpa, um pedido de desculpas, um reconhecimento público da falta de cuidado amoroso, um abraço? Não! Nada disso! Existe um preço para a falta de amor! Era R$ 415 mil, mas pode ficar por R$ 200 mil. No mérito, o caso é, parece-me, eticamente escandaloso. Mas também é uma aberração jurídica. O Judiciário brasileiro acaba de legislar, mais uma vez, criando o crime do “abandono afetivo”? Cadê a lei, santo Deus? Não há! Eis aí. Vivemos o que chamo a era dos fanáticos do sentimentalismo — juízes, agora, acham que podem pôr um preço nas sensações e subjetivismos. Vivemos a era das perversões da cultura da reclamação: basta que o “oprimido” saia por aí proclamando a sua dor para gerar solidariedade automática. Com sorte, encontra pela frente os ditadores da reparação, que resolverão, como costumo dizer, fazer justiça com a própria toga. Está criada a jurisprudência, embora a decisão não seja vinculante. Cabe a cada juiz decidir. Mas adivinhem só… Nesse caso, pobre pai!, ele é culpado antes mesmo de qualquer juízo objetivo. Afinal, teve uma filha fora do casamento, só reconhecida depois de uma ação judicial, com quem ele não conviveu — embora tenha cumprido todas as obrigações QUE AS LEIS EXISTENTES LHE IMPUNHAM. Ele só não sabia que estava na mira de uma lei desconhecida porque… simplesmente inexistente! Quanto tempo vai demorar para que quiproquós familiares comecem a lotar a Justiça ainda mais do que hoje? Quantos serão os filhos, mesmo frutos de uniões estáveis e vivendo sob o teto familiar, que alegarão, a depender dos conflitos, esse tal “abandono afetivo”? Não havendo lei, pode-se acusar qualquer coisa: “Olhe, quero dizer que o meu pai (ou mãe) me sufoca”… Pobre pai! Em breve, estará impedido de exercer, digo com ironia, até aquele papel que Freud lhe reserva, não é? Não poderá mais ser o saudável repressor, a quem cumpre dizer que os limites existem. Quem sabe chegue o dia em que o parricida alegará no tribunal que só cumpriu seu gesto tresloucado porque seu aparelho psíquico, malformado pelo morto, não operou a necessária interdição, e a morte simbólica de Laio na disputa por Jocasta se fez física, pelas mãos de um Édipo que era, sei lá, contador… Uma perguntinha à ministra Nancy Andrighi e a seus colegas: esse valor pelo “abandono afetivo” foi estabelecido, suponho, com base na condição financeira do pai, certo? Um homem muito pobre seria condenado a compensar a subjetividade ferida da filha com um pão com mortadela? O “abandono efetivo” de Eike Batista custaria R$ 200 milhões, em vez de R$ 200 mil? Havendo boas respostas, juro que publico. O pai disse que vai recorrer ao Supremo. Considerando o que se anda fazendo por lá ultimamente, corre o risco de a indenização sair pelo dobro. Ou o nosso Supremo não tem protagonizado cenas explícitas de “Direito Criativo”? Caminhando para o encerramento, pergunto: a filha vitoriosa troca os R$ 200 mil por um abraço e por um pedido de desculpas? O assunto parece besta? Mas não é! A rigor, acreditem, é mais importante do que essa canalha que vive assaltando o dinheiro público. A cada pouco, há uma! Precisamos é metê-las na cadeia. Ou bem se tem um estado de direito funcionando, que proteja a coletividade e os indivíduos, a nação e o estado, ou ficamos à mercê do indeterminado. Se podemos ser punidos por um crime que não está tipificado e obrigados a fazer alguma coisa em razão de uma lei que não existe, então estamos numa ditadura. Ainda que uma ditadura exercida, com freqüência, por alguns juízes. Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 1 de maio de 2012

Vejo a chuva na janela

Que frio úmido no Rio de Janeiro hoje! Para muitos, eu sei, o feriado ficou irremediavelmente estragado. Mas eu gosto desse frio, gosto do aconchego caseiro trazido por ele. O mundo lá fora continua incongruente e agressivo, mas dentro de casa, estar ao lado da esposa é um programa formidável.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Lembrete pra você: Aliança Evangélica

Vai este lembrete para quem valoriza a Aliança Evangélica Brasileira: Sábado, dia 21/04, falei no programa Vida e Missão (GNT RJ, canal 9 da TV aberta ou canal 22 da Net, sábado às 12h). Quem quiser, pode ver em http://www.youtube.com/watch?v=k5woP40clz4

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pastor Álvaro Trindade está com Jesus

Domingo, 22 de abril de 2012. Retira-se um valente. E também um amigo. O professor Reverendo Álvaro José Cortes da Trindade lutou por quatro meses: varizes no esôfago, fígado paralisado, bacteremia, remoção do baço, sucessivas entradas na UTI, Damaris e filhos angustiados. O bravo herói resistiu até o fim, combateu o bom combate. Não com a enfermidade, mas contra o pecado. A doença foi apenas o meio que Deus permitiu aproximá-lo mais a si até, enfim, trazê-lo para os Seus braços. Ele foi sendo refinado, eliminando o pecado, primeiro de si mesmo, depois também de outros. No hospital, sua expressão era a de quem já contemplava a face do Altíssimo, nada o poderia abalar, evangelizava a toda hora; todos os plantões ouviram do amor de Deus. Reuniu ao seu redor outros valentes, que o encorajaram, oraram com ele e sua família. Mas aprouve ao Senhor recolhê-lo à eternidade. O Senhor o deu, o Senhor o tomou. Bendito seja o nome do Senhor.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Bom dia, Israel!

Boa leitura nos proporciona Israel Belo de Azevedo, em seu blog Prazer da Palavra. Confira a meditação de 07/03/2012:

VENCER É PERDER

"Acumular" é verbo que queremos conjugar em todas as áreas da vida.
"Perder" é verbo que nos deprime.
Por isto, todos os conceitos, até os mais sublimes e mais sagrados, se tornam reféns da ideia de vitória como acréscimo.
Até mesmo o conceito de graça, central na fé cristã, pode sofrer deste vício. Receber a graça se tornou receber "graças", vale dizer, coisas e mais coisas, numa espiral sucessiva. Não admitimos que a graça possa implicar em perda.
Quando Jesus disse que, para segui-lo, precisamos tomar a nossa cruz, estava nos mostrando a necessidade da renúncia. Renunciar é perder.
Renunciar é abrir mão do poder que temos. Porque podemos nos ter tornado autoritários.
Renunciar é abrir mão das coisas que possuímos. Porque podemos estar seguros com elas.
Renunciar é abrir mão das ideias que esposamos. Porque podemos estar errados.
A cruz de Jesus não tem poder, senão o poder da fraqueza.
A cruz de Jesus é um convite à liberdade, que vem pela renúncia.

Desejo-lhe um BOM DIA.
Israel Belo de Azevedo

Um soneto à confiança

Nunca fui imperador, nem há indícios de que num "pujillo" de terra descansarei "sem tardança". Mas a afinidade que tenho com o soneto "Terra do Brazil", de Pedro II, escrito durante seu exílio na Europa, vem de certas experiências amargas - que, claro, todos já tivemos - com alguém de quem não esperávamos receber senão respeito e consideração.

O soneto de Pedro II é cheio de saudades e nacionalismo melancólico, ressentimento explicável pela desfeita do expatriamento, após meio século de dedicação aos assuntos públicos, mas é a confissão final do soneto que cativa minha simpatia: "sereno, aguardarei... a justiça de Deus na voz da história". É uma profissão de fé na fidelidade divina que, a despeito de épocas e indivíduos, sempre fará a justiça triunfar.




TERRA DO BRAZIL

Espavorida agita-se a criança,
De nocturnos phantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descança.

Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugillo de terra; e nesta creio,
Brando será meu somno sem tardança...

Qual o infante a dormir em peito amigo
Tristes sombras varrendo da memoria,
Oh doce Patria, sonharei contigo!

E, entre visões de paz, de luz, de gloria,
Sereno aguardei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da Historia!


D. Pedro D'Alcantara.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Comigo Deus está

Pode a vida dar voltas,
Nada temo do amanhã,
Cuidado qualquer que seja
Em Cristo espero e confio,
A vitória cedo viceja,
Desdenho todo arrepio,
Sorrio a cada manhã.

Se durmo sossegado,
É ‘que Ele me sustém.
Levanto confiante
E sigo meu caminho,
Cristo vai comigo avante,
E sob asas, em seu ninho,
Sou seu filho, sou alguém

Que querem homens me fazer?
Tropeçar? Temer? Cair?
De nada servem as artimanhas.
Se comigo Deus está,
Voraz goela, mesmo tamanha,
Engolir-me jamais fará,
D’armadilha Deus me faz sair.

Quero hoje celebrar
Dele a fidelidade.
Sem Ele, estava perdido.
Pela fé em Jesus encorajado,
Sigo em frente, atrevido.
E, com riscos a todo lado,
Canto a sua lealdade.


Rev. Luciano P. Vergara

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A ausência de Dom Robinson Cavalcanti

A partida de Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti e sua esposa, Miriam, deixa órfãos a Igreja Cristã no Brasil, a academia nacional e um sem número de pessoas que tinham em suas reflexões, literatura e atitudes de genuíno cristianismo um exemplo valioso.


Em um momento quando Igreja e Sociedade mais necessitam de densidade e profundidade do pensamento, conhecimento e caráter, essa ausência se torna mais pungente. O que nos conforta é lembrar do convívio fraternal, dos textos e palestras inteligentes, do bom humor, de tudo que dava ao bispo aquele ar jovial e amigo. Por todas estas coisas, vamos, inevitavelmente, sentir muitas saudades.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma casa feita por Deus fala de Jesus

Texto-base: 1 Pedro 2.1-5

Tese: Nossa proximidade ao Senhor estrutura nossa vida espiritual e nos habilita a proclamar os méritos de Cristo

A – Introdução: Nas Notas explanatórias de João Wesley, encontramos indicações preciosas sobre a passagem. Nelas, Jesus, mesmo rejeitado pelas religiões anti-bíblicas, pelos céticos e por falsos cristãos, é o escolhido de Deus para ser fundamento da Igreja. Ele é precioso, tanto para o Pai quanto para os que crêem.
E os crentes são “pedras” que vivem exclusivamente por mérito divino, que:
a) se achegam (gr., 'assentam com' e 'consentem com') pela fé a Jesus, a nossa Rocha eterna, base firme e maior do que qualquer construção humana;
b) são erigidos como uma casa espiritual, em total consagração (isto é, com exclusividade) a Deus;
c) fundados na solidez da Rocha (Jesus);
d) vivendo em união uns com os outros;
e) consagrados a Deus, em santidade, para oferecer alma, corpo, pensamentos, palavras e ações como sacrifícios espirituais.

B – Ensino bíblico:
I. “Chegando-vos para ele”

1. Além de “achegar-se”, o verbo proserkómai siginifica assentar-se...
a) e ouvi-lo, aprender com ele
2. E também significa consentir
a) permitindo que Jesus faça mudanças em nossas vidas
b) para passarmos a imitá-lo (1 Co 11.1: “sede meus imitadores”)

II. Edificados em casa espiritual

1. Para nos constituirmos em um sacerdócio real
a) casa: aqui, trata-se de um templo
b) rei e sacerdote: liderança e misericórdia
2. Para oferecermos (heb. ‘alêhu: erguer, apresentar) sacrifícios agradáveis a Deus
3. Para proclamarmos suas virtudes ao mundo
a) por meio de atos e palavras
b) realizações e discursos
c) postura e gestos

C – Conclusão:

Nenhuma construção é mais importante do que a nossa vida espiritual (Ageu 1.4)

A construção de um templo é um projeto que devemos consagrar a Deus, senão será uma pirâmide, uma torre de Babel.

Sem sacrifícios (alçamento, entrega a Deus do que nos é importante), a) não temos a bênção de Deus, b) não testemunhamos de Cristo e c) não expandimos seu Reino entre a humanidade.


* Mensagem pregada no culto vespertino da Catedral Metodista do Rio de Janeiro - I.M. Catete, domingo, 19/02/2012)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cadê o Lula?

Com a crônica falta de lideranças sólidas e comprometidas com os valores e o povo brasileiros, o que poderá acontecer caso o ex-presidente Lula venha a faltar num futuro breve?

A doença de Lula, um câncer na laringe, poderá, ou não, ser debelada. É a possibilidade pura e simples, sem torcidas nem ilusões. Se superar sua enfermidade - queira Deus que sim, muitos no Brasil não passarão, por enquanto, pela perda irreparável de seu "paizinho" protetor. Mas, se sucumbir, até os figurões do PT perderão o chão sob os pés.

Não é uma análise atrasada sobre um personagem que já deixou o poder. É uma reflexão sobre a ausência eventual de um dos personagens mais carismáticos do Brasil nas últimas décadas. Exatamente pelo fato de estar fora do Executivo, Lula reconstrói aos poucos a aura mítica, que, mesmo enquanto sofria o desgaste natural pelo delicado exercício do poder, tentando conciliar múltiplos interesses, nunca ficou totalmente embaçada, haja vista a alta popularidade que o acompanhou durante os oito anos em que pontificou no governo. Some-se a isto que, é recorrente condoer-se de uma personalidade debilitada em sua saúde, com sinais visíveis de decrepitude, mas com o sorriso de quem encara de boa vontade os suplícios que a vida lhe impõe. A mesma condolência rara vez se percebe quando a vítima é um pobre anônimo na fila do SUS.

A "presidenta" Dilma, então, que em 2010 se beneficiou dos votos que, em realidade, o povo atribuía a seu ícone barbudo, não terá como enfunar suas velas no rumo de novo mandato, caso Lula venha a faltar. Sem carisma ou simpatia pessoais que inspirem o eleitorado a lhe dar a vitória, a "companheira" ficaria à deriva, fragilizada diante dos cardumes de vorazes adversários, que hoje não são uma oposição efetiva, mas se assanham ao sentir cheiro de sangue.

A falta de Lula também romperia o liame que circunscreve e une os projetos pessoais dentro do PT. O partido inchou com políticos fisiológicos e arrivistas de todo tipo e Lula ainda é o freio que impede que o grêmio de São Bernardo do Campo literalize o que sua natureza já diz que ele é: "partido".

Espetáculo de justiça

Julgamentos como o de Lindemberg Alves, assassino de Eloá Pimentel, têm uma peculiaridade: chamar a atenção do público. Deveras, todo julgamento tem, dentre os propósitos que o instituem, a finalidade de prestar uma satisfação à sociedade pela ruptura do direito e a quebra da lei pela qual todos são regidos. É natural, portanto, que a sociedade tenha curiosidade e o interesse de acompanhar o rito de restauração da lei descumprida, apaziguando as consciências.

O que acontece, porém, é que nos casos de maior repercussão, como o julgamento do casal Nardoni, em 2011, ou o do empresário Doca Street, em 1979, a exposição feita por certas coberturas da imprensa intensifica os aspectos de entretenimento e alienação, por causa da catalisação da curiosidade e, em algumas situações, da morbidez de algumas abordagens dos informativos. Monta-se um "circo" trágico que explora o inusitado e estigmatiza seus personagens como "santos" e "demônios", no qual os advogados desempenham papéis especialmente emblemáticos. Então, entram em cena condutas, estilos e o tirocínio dos advogados no uso dos canais de visibilidade a favor de suas estratégias. Há uma encenação premeditada, que pessoas muito ingênuas não percebem tratar-se de uma espécie de "teatro" da vida real.

É difícil imaginar um modo de evitar o falseamento da realidade pela dramatização dos fatos, mas parece razoável que se pudesse diminuir a manipulação da opinião pública a partir do compromisso ético mais elevado por parte dos integrantes do aparato judicial, sendo cada personalidade do tribunal, por exemplo, mais comedida em suas declarações ao público. Assim, o interesse e a participação popular, que até certa medida é uma atividade salutar e deve ser preservada, pois exercita a cidadania, não seria transformado em espetáculo para uma massa que dessa forma, a rigor, nada de bom agrega ao processo e nada aprende sobre as lides da Justiça.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

JVSTA VRBE, HONORABILES SERVITORES

Acabo de chegar de uma homenagem a diversos policiais militares. Foi no 6º Batalhão de Polícia Militar, composto de 526 integrantes. O batalhão é responsável pelo policiamento da Tijuca e arredores. Seu comandante, tenente-coronel Marcio Rocha, recebeu e acompanhou os convidados à solenidade. Fui representar o Seminário Teológico Betel e entreguei diplomas de homenagem a seis PMs.

Os homens e mulheres da PM que foram homenageados pelo comandante protagonizaram diversas ações em que conseguiram cumprir sua missão com eficácia. E, como destacou o tenente-coronel Rocha, o que prevaleceu foi o policiamento preventivo em vez da violência. Na Grande Tijuca, integrada e tendo a criminalidade sob controle após vários focos conflagrados serem recuperados do tráfico de entorpecentes, os membros dessa guarnição participam de um policiamento focalizado no cidadão, pelo qual o bandido é definido como exceção à normalidade. O comandante festeja o fato de a guarnição já estar aberta e acessível à sociedade. A comunidade celebra o tempo de uma sociedade mais justa e dotada de policiais qualificados e cumpridores de seu papel.

Juntamente com autoridades civis e militares, representantes da sociedade organizada prestigiaram a entrega de diplomas aos profissionais que se destacaram no trimestre de outubro de 2011 a janeiro de 2012, no socorro à população, prisão de criminosos, recuperação do patrimônio de populares e consolidação do ambiente de paz social na cidade, particularmente na Grande Tijuca. Além dos diplomas, os policiais foram fotografados e aplaudidos. Palmas também para a recusa de propina e a prisão de corruptores. Ao fim da solenidade, foi servido um almoço de congraçamento.

Durante a cerimônia, foi observado o luto oficial em razão das mortes no desabamento de três edifícios no Centro da cidade. Por isso, mesmo com a presença de músicos da Banda Marcial da PMERJ, não foram executados o Hino Nacional e a Canção do Policial.

Felicidades aos PMs que fazem corretamente o seu trabalho. Para lá das formalidades, que Deus os acompanhe em suas atividades e ajude a alcançar os melhores desejos de seus corações.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

João Wesley foi maçom?

Bispo Paulo Ayres Mattos responde a insinuações de que João Wesley teria sido maçom.



Uma mensagem a todos os membros de Brasil Metodista

Meu irmão Zé do Egito,
Paz!
Obrigado pela honra de me fazer referência nesta discussão sobre a maçonaria. Em primeiro lugar, deixe-me externar publicamente pela primeira vez minha opinião sobre este assunto: não fui, não sou e nunca serei maçom! Nunca tive qualquer contato público ou particular com a maçonaria. Fui criado num lar influenciado pelo movimento de santidade divulgado no Brasil na década de 1930 por George Ridout (portanto averso à maçonaria) e que também tinha grande apreço pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, um dos fundadores da Igreja Presbiteriana Independente em seu rompimento com a maçonaria. Por onde passei como pastor nunca fui abordado por maçom para fazer-me um deles; creio que sabiam da minha aversão à maçonaria. Alguns amigos me disseram que a razão pela qual os maçons não se aproximavam de mim é porque eu era esquerdista e lutava contra a ditadura militar, menos mal (ainda que minhas idéias socialistas me valeram alguns problemas com o DOPS e o aparato de repressão da ditadura, dentro e fora da Igreja). Sempre tive muito mais trabalho pastoral do que podia fazer para ter tempo de me fazer membro de tal sociedade. Por onde passei como bispo sempre entendi que os metodistas sob minha supervisão episcopal, pastores e leigos, tinham tanto trabalho para realizar na obra da Igreja que não lhes restava tempo para outras associações como a maçonaria e, por isso, quem era maçom acabou deixando de lado a maçonaria e ficou dormindo, como dizem os maçons. Nunca os persegui e também nunca pedi para que fizessem rituais rompendo com a maçonaria porque não acredito neste tipo de ritualismo segundo os rituais prescritos pela confissão positiva porque entendo que as coisas que passam pelos lábios nem sempre passam pelo coração e na verdade frequentemente não têm valor algum. Portanto, ainda que reconheça que historicamente a implantação do protestantismo no Brasil recebeu forte apoio da maçonaria e que muitos dos grandes vultos evangélicos no Brasil, missionários e nacionais, foram maçons, e isto não há como se negar, creio que hoje um bom metodista não tem razão e nem tempo para se envolver com a maçonaria.
Agora sobre a relação de Wesley com a maçonaria: no Journal e no Diaries de Wesley não foram encontradas quaisquer entradas que possam ainda que de longe insinuar qualquer iniciação do nosso pai espiritual na Maçonaria. Nem na literatura sobre a vida e obra de Wesley. Muito pelo contrário. Num site pertencente a uma loja maçônica no Canadá a gente encontra a seguinte informação:
“John Wesley (June 17, 1703 - March 2, 1791) Anglican clergyman and founder, with his brother Charles, of the Methodist movement. Contrary to some reports, he was not a freemason. There was a John Wesley made a Master Mason in Union Lodge of St. Patrick No 367, Downpatrick, Ireland on October 13, 1788. It is true that the Rev. John Wesley visited Downpatrick on June 11-5, 1778, returning on June 10, 1785, June 12, 1787, and June 10,1789. But the Rev. John Wesley’s diaries record that he was in Wallingford, near London, on October 13,1788.” [http://freemasonry.bcy.ca/biography/wesley_j/wesley_j.html]. [Já mencionada pelo Rev. Francisco Neto num comentário postado anteriormente sobre este assunto].
Outra importante fonte maçônica que se encarrega de deixar claro o fato de que Wesley nunca se tornou membro daquela sociedade é a Encyclopedia of Freemasonry, que no seu segundo volume, na entrada correspondente a John Wesley, p. 1.101, afirma:
“WESLEY, REVEREND JOHN: On many occasions the claim has been made that John Wesley, born June 17, 1703, died March 2, 1791, founder of Methodism, was a member of a Lodge at Downpatrick, Ireland. These assertions were carefully examined by Brother W. J. Chetwode Crawley in volume xv, 1902, Transactions of Quatuor Coronati Lodge, and his opinion is as follows: ‘Reviewing the circumstances of the supposed initiation of the Reverend John Wesley in the Lodge at Downpatrick, we are driven to the conclusion that the idea is altogether illusory, and based on a palpable confusion of identity. Equally convincing is the truth that the veritable John Wesley had not been admitted to the Craft at any time previous to his visit to Ballymena, in June, 1773, and that, up to the seventieth year of his age, he entertained but a dubious opinion of Freemasonry and its secrets. This last consideration compels us to the further inference that he did not join the Craft at any subsequent period of his life. Otherwise, the surprising change of opinion involved would not fail to have been chronicled in his copious and accurate journals and diaries.’ (see also Wesley’s Journal, authorized edition, volume III, page 500).” [http://encyclopediaoffreemasonry.com/w/wesley-reverend-john/]
Diante destas afirmações (que preferi deixá-las no original para não me trair na tradução, pois, como dizem os italianos, "tradutor, traidor"), creio que, honestamente, não há qualquer evidência histórica sobre a pertença de Wesley a maçonaria. Portanto, qualquer afirmação diferente é mera especulação de quem não tem coisa séria para fazer.

Fonte: Brasil Metodista

domingo, 22 de janeiro de 2012

Ó Deus, misericórdia

Não há orgulho espiritual que mantenha os cristãos na condição de autênticos cristãos por mais que uma geração. Obviamente, refiro-me a um cristianismo centrado na Bíblia e que se propõe a continuar a existência da Igreja cristã sem querer reinventá-la.

O ângulo pelo qual observo é, provavelmente, o mesmo pelo qual o fez João Wesley, no século XVIII: " I am not afraid that the people called Methodists should ever cease to exist either in Europe or America. But I am afraid lest they should only exist as a dead sect, having the form of religion without the power. And this undoubtedly will be the case unless they hold fast both the doctrine, spirit, and discipline with which they first set out." ("Não tenho medo de que os assim chamados metodistas deixem de existir, seja na Europa ou na América. Mas temo que eles existam apenas como uma seita morta, tendo a forma de religião sem o poder. Este sem dúvida será o caso a menos que conservem firmemente a doutrina, o espírito e a disciplina com os quais começaram.").

Por isso, que Deus tenha misericórdia de todos nós.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Favelas em Petrópolis ameaçam o idealismo romântico


Meu romantismo incurável fica arrevesado toda vez que vou a Petrópolis. O clima, o verde das matas e dos jardins salpicados de hortênsias, os nobres casarões do passado, enfim, coisas que inevitavelmente atuam em meu consciente e no subconsciente também. Com a esposa na Cidade Imperial, a inspiração vem à tona, mas, entre um apfelstrudel com café na Rua do Imperador e uma passada em frente à catedral de São Pedro de Alcântara, vemos, até sem querer, a quantas anda o estado de saúde econômica dessa jóia serrana.

Se, por um lado, o turismo petropolitano aparentemente não avançou muito, também não regrediu. Poderia ser melhor, mas faltam-me aqui dados mais concretos. Apesar disto, a imprensa do lugar aponta para seqüelas das chuvas de janeiro de 2011: caiu o número de visitantes no Museu Imperial, a antiga residência de verão da família de Pedro II. Perdem a economia, a cultura e o povo em geral. Mesmo a visão de uma capivara que passeia livremente às margens do rio Piabanha não será suficiente para incrementar, no sinuoso Centro do município, o turismo ecológico que lhe faria tão bem.

E andando pelo traçado histórico da cidade, não resistimos a comprar, na banca mesmo, como outrora se fazia, o periódico fresquinho com sotaque da serra. Desprovido de acesso à internet no quase isolamento das matas do Sertão do Carangola, leio na primeira página do jornal Tribuna de Petrópolis (27/12/2011) a manchete que preocupa: “Favelas da cidade cresceram 3.000%”. A matéria, explorada na página 3, mostra que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Censo 2010, com os números da favelização no município.




A população que mora em favelas cresceu assustadoramente desde o censo feito em 2000, quando existia apenas uma favela e esta com 110 domicílios precários e 820 pessoas residentes. Pelo estudo, em 2010, eram 25.117 habitantes vivendo em 15 favelas. Um aumento de 2.963%. A matéria informa que, atualmente, nas favelas de Petrópolis, o que mais preocupa população e autoridades não é a violência e sim a falta de infra-estrutura e riscos oriundos de desastres naturais.

É visível, nas médias cidades da Serra fluminense, o processo de favelização das periferias e encostas. Um dos resultados que mais aparece para a população em geral é a crônica situação de risco dos moradores dessas áreas. Sobretudo com enchentes e deslizamentos. Mas não é só isso. O estado precário do saneamento, da coleta de lixo, dos transportes públicos e da saúde deixa muito a desejar. E quem precisa dessas coisas – quase todos – tem de se sujeitar, às vezes, a humilhações, como longas filas em postos de saúde, insalubridade em bairros antes bucólicos e o desgaste para ir e vir.

Como ter um turismo de qualidade, em condições de competir com países onde esta atividade tem melhor suporte e é oferecida com mais qualidade de infra-estrutura e de mão-de-obra, com mais planejamento e organização?

Mas é possível melhorar e os trabalhadores serranos são capazes e têm vontade de aperfeiçoar o que fazem de melhor: receber visitantes. Já é visível a melhora da qualidade da água do rio Piabanha, principal curso d’água da cidade. Tomara que aconteça o mesmo em outros rios. E há outros avanços.

Além da profissionalização de funcionários para o turismo e o surgimento de empresas dedicadas ao setor, palmas, por exemplo, para a correta decisão de, em cada produto do município, haver no rótulo a coroa imperial como emblema, projetando para além da cidade a manufatura local com a informação "Produto de Petrópolis". Outra medida valiosa a ser aprimorada é o estímulo à qualificação de jovens e reciclagem de idosos para os setores turístico e de confecções, atividade em que Petrópolis e outras cidades serranas se destacam virtualmente. Há ainda o setor da pesquisa e da preservação ecológica, que pode alavancar profissionais de alta qualificação e valorizados no mercado internacional.

Como todo romântico, espero que em minha próxima ida à Serra haja mais verde e menos favelas e que a boa qualidade de vida deixe as pessoas mais felizes.

Fotos: catedral - pt.wikipedia.org / favela - folhapopular.net.br

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O que é isso na TV?

Luciano P. Vergara

Liguem as luzes dos giroflexes! Ponham as patrulinhas na rua! A malta do reality show deita e rola na baixeza. Aquela gentalha escalada para o entretenimento que vai transformando a programação televisiva em uma sucessão de vilezas cada vez mais nojentas, agora, protagoniza um caso policial na tela da TV.

Passando pela banca de jornais, vejo um que traz na primeira página: "Deu ruim no BBB. Pode ter havido estupro em reality show".

Asco! Essa polêmica serve apenas para aquecer a morbidez de uma multidão de cabeças-ocas em torno de um inútil formato de programa, que emissoras como a Globo e a Record têm tido a desfaçatez de empurrar goela abaixo de milhões de telespectadores.

É lamentável, mas apesar do mau gosto beirar a falsidade ideológica, o atentado ao pudor, o assassinato cultural e, agora, uma suspeita de estupro, a Justiça não tem um de seus representantes que proponha sequer uma reunião com os magnatas da TV para pedir a elevação do nível. Difícil crer que, com a conjunção carnal não consentida sob o edredom diante da câmera, a justiça vá levantar-se para fazer alguma coisa a respeito.

Para mim, isto é a indisposição geral para vencer a letargia do estado moral pecaminoso de grandes e pequenos que não encontra ressonância na consciência nacional. Não adianta as massas desaprovarem hipocritamente, abanarem a cabeça, se os olhos buscam com sofreguidão impudica imagens que só fazem reforçar o sucesso maligno desse tipo de entretenimento.

Os cretinos que saciam sua mórbida curiosidade nas cenas insólitas que a TV expõe sem escrúpulos ainda vão acusar os protagonistas do suposto estupro televisado. De certo, irão chamar as "despersonalidades" do Plim-Plim de indecentes, vulgares, desclassificados. Quanta indignação, não é mesmo?

Mas a cereja esperada desse bolo será ouvir de produtores que é intocável a liberdade de expressão. Os falsos profetas da cultura de massa usam sistematicamente essa desculpa, a mais deslavada das conversas-moles, para seguirem vomitando lixo dentro dos lares inertes. Crime? Marketing? Com certeza, uma agressão ao recesso de nossos domicílios.

Um jornal carioca refere uma jovem "trêbada", informando o vexame sofrido sob o edredom, por baixo do qual um gaiato, com ou sem ela deixar, aplica-lhe um insolente vai-e-vem. A jovem em questão diz que, embriagada como se achava, não sabe se fez ou deixou de fazer. Sua família se encoleriza de indignação pelo modo como o atrevido se aproveitou de sua meiga inocência.

Aliás, outras famílias dizem-se "chocadas" com o comportamento do malfeitor. Será, contudo, que estão dispostos a abandonar o televisor ou estariam, em verdade, querendo ver mais detalhes do insólito intercurso? Que canalha!

Enquanto o "ibope" do mal estoura os cofres dessa corja e as coisas ficam como o diabo gosta, a decantada liberdade de expressão, fruto da luta por um direito inalienável, acaba sendo desculpa para o entulhamento espiritual da gente brasileira. Situação deplorável, que requer atitude mais extremada: o boicote a essa programação de mau gosto.

Sem telespectadores dispostos a assistir à enxurrada de mediocridades que desfila solertemente no ecrã colorido, acaba-se o patrocínio. Sem verba, adeus BBB!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Igreja ensinadora

As despedidas dos pastores da Igreja Metodista de Vila Isabel, Ronan, Adilson e Luciano, bem como as homenagens, não param. Gestos de mútuo apreço são expressados com muita riqueza.

De minha perspectiva, a Igreja de Vila Isabel é um espaço pródigo em lições. Não é perfeita, pois seria impossível aprender apenas com a perfeição. Verificamos que a imperfeição é essencial ao crescimento, à busca da maturidade. Mesmo imperfeita é enriquecedora. Sobretudo quando a diversidade atua de modo tão estimulante e abre-nos perspectivas tão variadas e iluminadoras.

Por isso, sou imensamente grato a Deus e a essa comunidade eclesial, que tem sido uma escola inestimável ao longo de nove anos de pastorado.