segunda-feira, 21 de março de 2011

EUA: Caso de Obama com o islã irrita grupos cristãos de poder




Em 1952, o presidente dos Estados Unidos da América, Henry Truman, determinou que o país observasse um dia do ano como o “Dia Nacional de Oração”. Ainda se tinham vívidos na memória os horrores da Segunda Guerra Mundial e a fé representava um forte baluarte no ethos da nação.

Pouco mais de três décadas se passaram e, em 1988, o presidente Ronald Reagan, que pontificou com o Partido Republicano no cargo por dois mandatos, fixou a primeira quinta-feira de maio para que os EUA celebrassem o Dia Nacional de Oração. A força da economia, o conservadorismo religioso dos republicanos e a crise no bloco socialista liderado pelos soviéticos, antes da queda do muro de Berlim, em 1989, reforçavam a noção de que os EUA tinham uma vocação messiânica para salvar o mundo das deletérias ideologias da esquerda internacional.

Mais duas décadas e o então candidato democrata à presidência Barack Obama afirmou, em 2007, em uma declaração que rimava com a tentativa de apagar da Casa Branca os vestígios da impopularidade “pós 11 de setembro” de George W. Bush e seu Partido Republicano, que “os EUA não são mais uma nação cristã”.

A aproximação com não cristãos, particularmente com o crescente contingente muçulmano no país é um fato não desprezível na corrida eleitoral. Mais ainda somando-se com a tendência secularizante nas comunicações, no judiciário e na administração pública. Faz sentido ser este o segundo ano em que Obama cancela o tradicional encontro de oração convocado para o monumento do Capitólio, na capital do país, Washington. Em 2010, Barack Obama justificou a medida dizendo que o evento poderia ofender a consciência de alguém.

Barbara Crabb, juíza da capital estadunidense, atendeu, também em 2010, ao pedido de uma associação de ateístas, declarando inconstitucional o Dia Nacional de Oração, por entender que se trata de uma cerimônia religiosa particular. Curiosamente, em 25 de setembro de 2009, o presidente Obama participou do Dia Nacional de Oração pela Religião Muçulmana, que reuniu cerca de 50 mil islamitas no mesmo Capitólio em que foram barrados adeptos de grupos religiosos de matriz judaico-cristã.

É comum acontecerem decisões judiciais desse tipo, com imediatas apelações, que eventualmente as revertem. Mas o que chama a atenção é que parece haver uma tendência a contestarem-se, na esfera pública, expressões de determinada religião considerada politicamente incorreta.

A rigor, tudo pode não passar de resistência liberal aos conservadores instalados em grupos de poder que atuam na política dos EUA, entre eles a Força-Tarefa do Dia Nacional de Oração, cujos valores têm forte conotação bíblica: amor a Deus, respeito a todos sem preconceito de raça, da condição sócio-econômica e de crença, e sabedoria no emprego de recursos e reservas.

A Força-Tarefa se intitula uma “expressão judaico-cristã de amplitude nacional, baseada na compreensão de que o país nasceu em oração e reverência ao Deus da Bíblia” e se dedica a “mobilizar os EUA à oração e ao arrependimento pessoal e retidão na cultura” com vistas à oração, aos desafios sócio-políticos da atualidade”, particularmente os “sete centros de poder: Governo, Atividades militares, Imprensa, Negócios, Educação, Igreja e família e Ampliação da unidade da Igreja Cristã”.

Em mensagens que circulam na internet, esses organismos da sociedade da nação norte-americana se ressentem de uma postura dos setores temporais segundo a qual “não importa se os cristãos são ofendidos pelo evento pró-islamismo, já que os cristãos não contam mais como ‘alguém’”. Para eles, o país permite que se instale o medo no coração dos cristãos, uma vez que os ativistas muçulmanos entendem que, se não é possível converter os cristãos à fé islâmica, devem ser aniquilados.

Foto: http://ivarfjeld.files.wordpress.com/2010/06/090408-obama-muslims-vmed-3p-widec.jpg