quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cadê o Lula?

Com a crônica falta de lideranças sólidas e comprometidas com os valores e o povo brasileiros, o que poderá acontecer caso o ex-presidente Lula venha a faltar num futuro breve?

A doença de Lula, um câncer na laringe, poderá, ou não, ser debelada. É a possibilidade pura e simples, sem torcidas nem ilusões. Se superar sua enfermidade - queira Deus que sim, muitos no Brasil não passarão, por enquanto, pela perda irreparável de seu "paizinho" protetor. Mas, se sucumbir, até os figurões do PT perderão o chão sob os pés.

Não é uma análise atrasada sobre um personagem que já deixou o poder. É uma reflexão sobre a ausência eventual de um dos personagens mais carismáticos do Brasil nas últimas décadas. Exatamente pelo fato de estar fora do Executivo, Lula reconstrói aos poucos a aura mítica, que, mesmo enquanto sofria o desgaste natural pelo delicado exercício do poder, tentando conciliar múltiplos interesses, nunca ficou totalmente embaçada, haja vista a alta popularidade que o acompanhou durante os oito anos em que pontificou no governo. Some-se a isto que, é recorrente condoer-se de uma personalidade debilitada em sua saúde, com sinais visíveis de decrepitude, mas com o sorriso de quem encara de boa vontade os suplícios que a vida lhe impõe. A mesma condolência rara vez se percebe quando a vítima é um pobre anônimo na fila do SUS.

A "presidenta" Dilma, então, que em 2010 se beneficiou dos votos que, em realidade, o povo atribuía a seu ícone barbudo, não terá como enfunar suas velas no rumo de novo mandato, caso Lula venha a faltar. Sem carisma ou simpatia pessoais que inspirem o eleitorado a lhe dar a vitória, a "companheira" ficaria à deriva, fragilizada diante dos cardumes de vorazes adversários, que hoje não são uma oposição efetiva, mas se assanham ao sentir cheiro de sangue.

A falta de Lula também romperia o liame que circunscreve e une os projetos pessoais dentro do PT. O partido inchou com políticos fisiológicos e arrivistas de todo tipo e Lula ainda é o freio que impede que o grêmio de São Bernardo do Campo literalize o que sua natureza já diz que ele é: "partido".