quinta-feira, 23 de maio de 2013

Coisas das quais a nossa história pouco (ou quase nada) conta

Nossa história tem personagens curiosos, mas por alguma razão parece querer ignorá-los. É importante conhecê-los e resgatá-los. --- Dom Obá II d'África --- Cândido da Fonseca Galvão, também conhecido como Obá II D´África, nasceu em Lençóis, BA, em 1845 e morreu no Rio de Janeiro em 1890. Foi um militar brasileiro com atuação na Guerra do Paraguai (1864-1870). Era filho de africanos forros e neto do rei Abiodun, do Império de Oyo. E era também conhecido por Dom Obá II D´África, ou simplesmente Dom Obá. Alistou-se voluntariamente para lutar na Guerra do Paraguai e, devido à sua grande bravura, foi condecorado como oficial honorário do Exército Brasileiro. Depois da guerra, fixou-se no Rio de Janeiro, virando uma figura folclórica e um tanto o quanto caricata da sociedade carioca, sendo até reverenciado como um príncipe real por vários afro-brasileiros. Dom Obá II foi amigo pessoal do imperador Dom Pedro II, tendo o hábito de ir anualmente ao Paço, onde se apresentava como se fosse um governante estrangeiro. Foi defensor da monarquia brasileira, atuou na campanha abolicionista e no combate ao racismo. Uma frase sua sobre o corpo de "zuavos" baianos, em que Cândido teve participação durante a Guerra do Paraguai, foi registrada em uma monografia acadêmica (ver em http://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2010/11/OS-ZUAVOS-BAIANOS.pdf): "Fui arrojando os meus denodos de bravura não com interesse do leproso ouro causador de todas as desgraças aos infelizes que pelos maus princípios são aconselhados (...), mas sim como esteve sempre em minha mente, que quando voltasse destes campos de batalha queria ver o meu monarca coberto de glória, e tapizando os troféus do tirano que audazmente nos tirou a luva". Com a queda do Império do Brazil, em 1889, Obá II foi perseguido pelos republicanos, que cassaram seu posto de alferes. Morreu logo depois, em julho de 1890.