quarta-feira, 5 de agosto de 2009

CATARSE EM EDUCAÇÃO

Suely Alves Peixoto de Mattos

Muito têm me assustado os comentários com relação à Educação no Brasil.
Durante a campanha eleitoral para a Prefeitura do Rio de Janeiro, muito se falou sobre a responsabilidade dos professores, investimento em Educação, término da aprovação automática, melhoria da qualidade, aumento de salário dos professores, e mais, e mais, e mais.
Tenho lido crônicas, reportagens, artigos e ouvido comentários sobre qual a melhor solução para nosso “caso”.
Muitos entendidos, e outros nem tanto, têm dado suas opiniões sobre o assunto, mostrando que a preocupação não atinge só a quem é da área, mas a todos os interessados no desenvolvimento do país.
Tenho minha opinião que coincide com a de alguns; concordo com outras que me mostram algum detalhe que passou; aprendo com as que vêm de outra área, mas que tem a ver com o assunto; e até considero falas de quem está sentindo na própria pele o problema.
A coisa é simples e complicada também. Qualquer país, para crescer, precisa que seu povo seja crítico, tenha conhecimento do assunto a que se propõe trabalhar para seu sustento, saiba interpretar o que está acontecendo à sua volta – na economia, na política, na sociedade de modo geral, nos esportes, nos momentos de lazer, nas artes, na literatura, conhecer um pouco das leis que fazem com que possa respeitar e ser respeitado, no desenvolvimento tecnológico. Mas isto já foi dito de forma enfática por muitos entendidos e pelos nem tanto... Então, o que falta?
O problema é a falta de educação do povo. Não a educação do ‘muito obrigado’, ‘com licença’, ‘desculpe-me’. Mas a EDUCAÇÃO que faz com que cada pessoa seja CIDADÃ. O que falta é vontade política para se investir na formação do professor e na atualização, reciclagem e especialização dos que já estão atuando, no aparelhamento das escolas – com bibliotecas, laboratórios, salas ambiente para atividades artísticas, quadra de esportes variados, possibilidade de participação dos alunos em eventos locais, nacionais e internacionais para mostrar seu potencial. Mas... isso custa muito caro!!! E daí? Será que não vale a pena gastar em algo que vai trazer melhoria para nosso crescimento, se transformando em investimento para as gerações futuras?
Será que não temos mais a mostrar do que só futebol? Países desenvolvidos mostram seus valores esportivos, mas também se sobressaem em outras áreas, tais como: pesquisa científica, medicina, artes, literatura, política, etc.
A formação do professor, principalmente, da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, tem que ser tratada com muito carinho, responsabilidade, competência, pois é nesta fase que a criança toma gosto ou não pelo estudo. Se o professor está seguro e firme do papel que representa, poderá desenvolver seu trabalho com competência, incentivando seu aluno no desenvolvimento de seu potencial.
É muito fácil falar que um dos problemas é a necessidade de aumento de salário para o professor. Porém, não é só esta a questão. De que adianta o professor ganhar mais, mas não ter oportunidade e incentivo para aprimorar sua formação. Tudo bem; poderá pagar suas contas e ver sobrar um pouquinho para suas outras necessidades. Mas, será que é só isso? Ele precisa ser incentivado a ler mais, a ir ao teatro e ao cinema, a participar de eventos sociais e culturais. Será que a escolaridade dele foi suficiente para que possa escolher e interpretar o que vai assistir/ver? Ou será que ele precisa aprender a se interessar por tudo isso?
É uma questão de aprendizagem e costume (para participar).
A classe média precisa se interessar em ser professor novamente. O magistério não pode ser usado como trampolim para “vôos” mais altos, pois ainda é a profissão com grande oferta de emprego, principalmente em pequenas escolas, sendo fácil estar trabalhando para poder pagar outro curso. E o que será desse aluno, visto que este professor será um mero repassador de conteúdo para “se livrar da obrigação”, não se preocupando em desenvolver no aluno todo o sentimento necessário à sua educação integral?
Precisamos do professor carreirista. Que tenha vontade de se aprimorar cada vez mais para passar para seus alunos não apenas o ensino formal, mas também a aprendizagem informal que vai fazer com que ele seja capaz de interpretar o que passa a sua volta seja crítico, político – no sentido de ser aquele que sabe escolher seu caminho, seu futuro com conhecimento de causa – tenha interesse em melhorar seu desempenho, pois sabe que seu trabalho será útil e profícuo, que terá conseqüências importantes para o desenvolvimento deste país que precisa tanto de pessoas, profissionais, cidadãos conscientes de seu papel.
O professor é aquele que prepara todos os cidadãos, independente de sua classe, principalmente no do Ensino Fundamental. O que seria da sociedade e do desenvolvimento de seu conhecimento, se não existisse o professor alfabetizador? Pobres de nós. O professor que nos inicia na “vida acadêmica” deveria ser o mais valorizado em todos os aspectos. Sem ele nada começaria.
De acordo com a nomenclatura do ano de minha formatura, sou professora primária, formada pelo Instituto de Educação, e tenho muito orgulho de minha profissão. Estudei e me aprimorei depois, mas me identifico com a educação sendo professora, e como tal, participante e colaboradora do desenvolvimento do meu País.


Suely Alves Peixoto de Mattos é professora, orientadora educacional, especialista em Ciências da Educação e membro da Igreja Metodista de Vila Isabel.