Da tragédia de enchentes e deslizamentos na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro neste início de ano tiramos diversas lições. Uma delas é que esse drama não é circunscrito a uma região apenas, nem a um estado somente. É uma calamidade nacional que precisa ser acompanhada com estudos e providências a curto, médio e longo prazos.
Também não é um problema apenas de quem mora em áreas consideradas de risco. Desta vez, mansões bem localizadas foram engolidas junto com casebres. É um problema estratégico de moradia que requer uma política habitacional adequada por parte das esferas federal, estadual e municipal de poder.
Outras lições aprendemos também, começando pela solidariedade. Como é o caso de paulistas que, tendo inundações em seu próprio estado, tiveram o cuidado de enviar socorro às vítimas fluminenses. Ou os estados nordestinos, que tantos julgam ser apenas clientes da ajuda dos compatriotas, mas que provaram estar em pé de igualdade na demonstração de apoio aos demais brasileiros.
Mas há igualmente a lição do amor cristão que não escolhe nem verifica fronteiras na hora de repartir. Entre inúmeros exemplos, é certamente o caso de um amigo, o pastor Ângelo Marcony e de sua comunidade. Ele pastoreia a Igreja Congregacional da Tijuca (zona norte do Rio de Janeiro).
Quando Ângelo foi informado de que metodistas se mobilizavam para socorrer as vítimas da calamidade das chuvas, compartilhou a informação com sua igreja e todos se mobilizaram. Membro daquela igreja, Ana Lizete se voluntariou para integrar as equipes de socorristas da Igreja Metodista Central de Teresópolis e seguiu para lá, como também doações que Ângelo entregou ao reverendo Carlos Alberto Tavares, pastor da igreja teresopolitana, para serem repartidas entre os necessitados.
Lição igualmente importante é enxergar que liderança se faz no campo, em contato com pessoas, muito mais do que em um gabinete. Por dias seguidos o bispo metodista Paulo Lockmann, da 1ª Região Eclesiástica, visitou as áreas atingidas pelas chuvas. E, usando os contatos que tem em outras partes do mundo, obteve apoio de metodistas da Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Canadá, além de apoio de outros evangélicos.
Na tragédia também pode-se alargar o abraço e receber gente em nosso espaço cujo sagrado conforto se aprende a repartir em tempos de aperto. Também em Teresópolis, uma congregação metodista em Barra do Imbuí e seu pastor, Nilson Teixeira, abrigam cerca de 76 pessoas da localidade.
Em Nova Friburgo, a lição de que a tragédia iguala as pessoas na dor e na necessidade nos permite ver que, diante disso, não há porque diferenciá-las pela confissão religiosa. O pastor Paulo Rangel e os metodistas em geral somam-se aos órgãos de socorro e acompanham os esforços da Defesa Civil em prol das vítimas para diminuir o sofrimento do próximo.
E mesmo quando toda a solidariedade não pode evitar o pior, como a perda de pessoas queridas, aprendemos a lição da misericórdia. Luciana, secretária da Escola de Missões (o IMFORM, também em Teresópolis), perdeu o pai e a mãe soterrados. Um funcionário do IMFORM perdeu a sua casa, conseguindo felizmente salvar seus familiares. Ao lado dessas pessoas, irmãos e irmãs, junto com bispo e pastores, oraram pedindo o conforto divino para suas famílias.
Lições desse tipo não são privilégio de um grupo em particular. Evangélicos e católicos dividem dores com ateus, espiritualistas e agnósticos. Chegam informações de várias denominações evangélicas, algumas com destaque para sua atuação na tragédia serrana. Outras, com um simples "link", dão a impressão de pouco caso. Entre as igrejas com destaque estão Metodista (www.metodista-rio.org.br), Presbiteriana (www.ipb.org.br), Anglicana (www.ieab.org.br) e duas convenções luteranas (www.luteranos.com.br e www.ielb.org.br).
O Portal Adventista (www.portaladventista.org) também exibe notícias e formas de ajudar as vítimas da maior tragédia climática do Brasil.
A Convenção Batista Brasileira fez destaque de suas ações em O Jornal Batista (www.ojornalbatista.com.br), que oferece acesso a notícias de batistas atuando na tragédia fluminense. Já a Convenção Batista Nacional (batistas renovados) deixou a tarefa de divulgar seu posicionamento e canais de ajuda para a sessão do Rio de Janeiro (www.cbnrj.org.br).
Das páginas oficiais dos pentecostais na 'web', quase nada se vê que diga respeito ao drama serrano. Mas isso não significa inatividade ou omissão. Como também no caso da Aliança Cristã Evangélica do Brasil (www.aliancaevangelica.org.br), é provável que as páginas da maioria das igrejas pentecostais que não destacaram providências sofram de lentidão para comunicar suas ações. Ter agilidade para prevenir a população ou comunicar e encaminhar ações tem sido uma das mais importantes lições trazidas pela chuva.
Mas aprendemos também a lição de que há, infelizmente, casos de líderes que fazem de sua página apenas uma espécie de vitrina pessoal ou 'outdoor' da denominação.