quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Quando esta nuvem passar"

Composição de Thiago Azevedo, Fabrício Matheus e Gladir Cabral

As nuvens pesadas ameaçavam derramar dilúvios sobre as cidades já destruídas. Sombrias, pesadas, faiscando raios e trovões, tirando o sono e quem sabe até a esperança de muitos, elas dominavam a paisagem e raptavam o sol. Por mais ameaçadoras e destruidoras que sejam, as nuvens passam. Foi o Thiago que veio com essa idéia, uma menção inclusive à famosa canção “Vai passar”, do Chico Buarque. O Fabrício trouxe a melodia e mais alguns versos. Depois de uns ajustes, eis mais um samba lamento, com um raio de esperança.

Quando esta nuvem passar

Quando esta nuvem passar
Vamos arregaçar as mangas
Surdo, pandeiro e tam tam
Pra fazer da manhã um novo samba
Alvorada virá para nos ensinar
A sorrir e dançar uma ciranda

Quando esta nuvem passar
Passará esta dor imensa
Um arco-íris de paz
Sorrirá para nós com esperança
Vida nova nascer, o jardim florescer
Alegria como um sonho de criança!

Toda poesia, toda alegria
Povo na rua e festa no céu,
Riso no rosto e samba no pé
Na mesa, fartura de leite e mel

Quando esta nuvem passar
Ela apenas será lembrança.
Melhores dias virão
E eles, sim, pesarão nesta balança
Todo mundo virá e também cantará
Na avenida a lição da nova dança


Áudio em http://www.gladircabral.com.br/wp-content/uploads/2011/01/quando-esta-nuvem-passar-2.mp3

CONTA E TEMPO

Pe. Antonio Thomaz

Deus me pede estrita conta de meu tempo.
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar do tempo tanta conta,
Eu que perdi sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi tempo, mas não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Quero hoje fazer conta e falta tempo.

E vós, que tendes tempo sem ter conta;
Não gasteis esse tempo em passar tempo.
Cuideis, enquanto é tempo, em fazer conta!

Ah! Se quem conta com esse tempo,
Fizesse desse tempo alguma conta;
Não choraria como eu por não ter tempo!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

INDENSIDADE

Vivemos um tempo de intensa ansiedade na produção, nas comunicações, nos relacionamentos. Somos em geral o povo do desperdício, do descarte, com tudo muito efêmero. Portanto, nossas expressões espelham o nível de permanência das coisas e pessoas no dia-a-dia de todos nós. Agilidade se confunde com trivilaidade e informalidade, numa busca imediatista pelo instantâneo e passageiro.
Desejamos descomplicar, mas reinventamos o superficial, a coisa sem densidade e, portanto, sem importância. Afinal, uma coisa não precisa ser importante se o que desejamos é a mudança permanente.
Incorporamos a mudança, pois passamos a deplorar tudo que é permanente. Apenas o estado de mudança é a única coisa que não pode mudar. Abjetamos a tradição, a antigüidade, deploramos qualquer coisa que nos ameaçe fixar a algum padrão.
Mudamos estilos, lugares, pessoas. Mudamos a língua, a escrita, o modo de fazer as coisas. Quando falamos, dizemos sempre o novo e, por isso mesmo, sem profundidade. Quando pensamos, não há tempo para amadurecer o em que se pensa e, justo por isso, pensamos raso e redundantemente. Quando cantamos, nós o fazemos muitas vezes de modo pueril, pois nos recusamos a adensar os sentimentos ou amadurecer emoções ao ponto de exprimir e esgotar a carga que nos vai n'alma.
Paradoxalmente, essa busca em vão pelo sempre-novo, o inédito, ela justamente é que nos impede a completa renovação. Pelo simples fato de que não nos damos tempo de completar os ciclos estabelecidos. Aceitamos ser desestabelecidos pela tentativa de nos reestabelecer, mas não o alcançamos. Isso, por pura precipitação, pressa de renovar.
E eis o paradoxo. Tentando o novo, impedimos justamente que o novo se concretize. Falta-nos paz e serenidade para aceitar que, a seu tempo, o novo nasça do cansaço natural do velho.
É disso que sofrem na pós-modernidade, isto é, em nossa época, as nossas letras, a nossa ciência e a nossa arte. São novas, mas não são frutos de ciclos que se completaram, dando espaço ao novo. É uma sucessão de prematuros malformados que, nesses campos da expressão da inteligência humana, não se viabilizam por serem insustentáveis.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lições de solidariedade

Da tragédia de enchentes e deslizamentos na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro neste início de ano tiramos diversas lições. Uma delas é que esse drama não é circunscrito a uma região apenas, nem a um estado somente. É uma calamidade nacional que precisa ser acompanhada com estudos e providências a curto, médio e longo prazos.

Também não é um problema apenas de quem mora em áreas consideradas de risco. Desta vez, mansões bem localizadas foram engolidas junto com casebres. É um problema estratégico de moradia que requer uma política habitacional adequada por parte das esferas federal, estadual e municipal de poder.

Outras lições aprendemos também, começando pela solidariedade. Como é o caso de paulistas que, tendo inundações em seu próprio estado, tiveram o cuidado de enviar socorro às vítimas fluminenses. Ou os estados nordestinos, que tantos julgam ser apenas clientes da ajuda dos compatriotas, mas que provaram estar em pé de igualdade na demonstração de apoio aos demais brasileiros.

Mas há igualmente a lição do amor cristão que não escolhe nem verifica fronteiras na hora de repartir. Entre inúmeros exemplos, é certamente o caso de um amigo, o pastor Ângelo Marcony e de sua comunidade. Ele pastoreia a Igreja Congregacional da Tijuca (zona norte do Rio de Janeiro).

Quando Ângelo foi informado de que metodistas se mobilizavam para socorrer as vítimas da calamidade das chuvas, compartilhou a informação com sua igreja e todos se mobilizaram. Membro daquela igreja, Ana Lizete se voluntariou para integrar as equipes de socorristas da Igreja Metodista Central de Teresópolis e seguiu para lá, como também doações que Ângelo entregou ao reverendo Carlos Alberto Tavares, pastor da igreja teresopolitana, para serem repartidas entre os necessitados.

Lição igualmente importante é enxergar que liderança se faz no campo, em contato com pessoas, muito mais do que em um gabinete. Por dias seguidos o bispo metodista Paulo Lockmann, da 1ª Região Eclesiástica, visitou as áreas atingidas pelas chuvas. E, usando os contatos que tem em outras partes do mundo, obteve apoio de metodistas da Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Canadá, além de apoio de outros evangélicos.

Na tragédia também pode-se alargar o abraço e receber gente em nosso espaço cujo sagrado conforto se aprende a repartir em tempos de aperto. Também em Teresópolis, uma congregação metodista em Barra do Imbuí e seu pastor, Nilson Teixeira, abrigam cerca de 76 pessoas da localidade.

Em Nova Friburgo, a lição de que a tragédia iguala as pessoas na dor e na necessidade nos permite ver que, diante disso, não há porque diferenciá-las pela confissão religiosa. O pastor Paulo Rangel e os metodistas em geral somam-se aos órgãos de socorro e acompanham os esforços da Defesa Civil em prol das vítimas para diminuir o sofrimento do próximo.

E mesmo quando toda a solidariedade não pode evitar o pior, como a perda de pessoas queridas, aprendemos a lição da misericórdia. Luciana, secretária da Escola de Missões (o IMFORM, também em Teresópolis), perdeu o pai e a mãe soterrados. Um funcionário do IMFORM perdeu a sua casa, conseguindo felizmente salvar seus familiares. Ao lado dessas pessoas, irmãos e irmãs, junto com bispo e pastores, oraram pedindo o conforto divino para suas famílias.

Lições desse tipo não são privilégio de um grupo em particular. Evangélicos e católicos dividem dores com ateus, espiritualistas e agnósticos. Chegam informações de várias denominações evangélicas, algumas com destaque para sua atuação na tragédia serrana. Outras, com um simples "link", dão a impressão de pouco caso. Entre as igrejas com destaque estão Metodista (www.metodista-rio.org.br), Presbiteriana (www.ipb.org.br), Anglicana (www.ieab.org.br) e duas convenções luteranas (www.luteranos.com.br e www.ielb.org.br).

O Portal Adventista (www.portaladventista.org) também exibe notícias e formas de ajudar as vítimas da maior tragédia climática do Brasil.

A Convenção Batista Brasileira fez destaque de suas ações em O Jornal Batista (www.ojornalbatista.com.br), que oferece acesso a notícias de batistas atuando na tragédia fluminense. Já a Convenção Batista Nacional (batistas renovados) deixou a tarefa de divulgar seu posicionamento e canais de ajuda para a sessão do Rio de Janeiro (www.cbnrj.org.br).

Das páginas oficiais dos pentecostais na 'web', quase nada se vê que diga respeito ao drama serrano. Mas isso não significa inatividade ou omissão. Como também no caso da Aliança Cristã Evangélica do Brasil (www.aliancaevangelica.org.br), é provável que as páginas da maioria das igrejas pentecostais que não destacaram providências sofram de lentidão para comunicar suas ações. Ter agilidade para prevenir a população ou comunicar e encaminhar ações tem sido uma das mais importantes lições trazidas pela chuva.

Mas aprendemos também a lição de que há, infelizmente, casos de líderes que fazem de sua página apenas uma espécie de vitrina pessoal ou 'outdoor' da denominação.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A PRESIDENTA MAIS EFICIENTA E ATUANTA


Foi o ator Jorge Dória que estrelou a peça "A presidenta", de Bricaire e Lasaygues (1988), no teatro. Mas não sei se foi daí ou se foi de um arroubo de informalidade populista do ex-presidente Lula; o fato é que de um tempo para cá virou uma praga a infestar a língua portuguesa falada somente no Brasil, isto é, adulterar o uso do particípio ativo do vocábulo presidente.

Mais um pouco e usaremos tudo modificado, não para aperfeiçoar o idioma pela elevação do nível intelectual e cultural da população, e sim, para barateá-lo, nivelando-o a partir da intelectualidade elementar.

Abaixo, uso recortes do artigo intitulado "PRESIDENTA? SERÁ O FEMININO DE PRESIDENTE?", atribuído ao sociólogo, escritor e jornalista, Leonardo Dantas Silva, sobre a novidade de se referir à Sra. Dilma Vana Roussef como "presidenta".


"Tenho notado, assim como aqueles mais atentos também devem tê-lo feito, que a candidata Dilma Roussef e seus apoiadores, pretendem que ela venha a ser a primeira presidenta do Brasil, tal como atesta toda a propaganda política veiculada pelo PT na mídia.

"Presidenta?

"Mas, afinal, que palavra é essa?

"Bem, vejamos:

"No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante...

"Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.

"Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do gênero, masculino ou feminino. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta". (...)"


A continuar deste modo, proponho que atualizemos logo o uso do particípio ativo tal qual empregado pela Presidência da República. Assim, 'estudantos' e 'estudantas' já concluirão a alfabetização 'conscientos' da nova regra em vigor e não ficarão 'descontentos' por parecer 'ignorantos' quanto ao emprego certo da norma gramatical. A inclusão de todos na norma 'vigenta' ajudará as pessoas a se sentirem mais 'confiantas' ao falar em público ou ao escrever textos 'significantos' que serão avaliados por leitores muitas vezes 'exigentos'.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

CHUVAS NO RJ: Bispo Paulo Lockmann mobiliza pastores metodistas no socorro a vítimas e suporte às igrejas afetadas

Estimados Pastores e Pastoras,
Vivendo um dos mais difíceis momentos de nossa vida ministerial, é que compartilho a dor do nosso povo. Seguimos contando mortos e desabrigados. Na Igreja Central de Teresópolis já há 87 pessoas abrigadas. Nossas igrejas que permanecem de pé na Região Serrana do Rio de Janeiro estão abrigando diversas famílias em suas dependências. Precisamos de tudo: água, alimentos e roupas, para diminuir o sofrimento dos desabrigados.
Os números são ainda incertos, mas dois bairros em Teresópolis praticamente desapareceram: Calembe e Posse. Em Nova Friburgo, a situação não é diferente e em Petrópolis perdemos a casa do pastor Neliel, em Cuiabá. Ele e a família estão bem, mas morreram 40 membros dessa igreja, além das outras 100 pessoas do bairro de Cuiabá.
Os que desejarem ajudar podem efetuar depósitos nas contas da Igreja Metodista Central de Teresópolis, Central de Petrópolis e Nova Friburgo.

Em Cristo,

Bispo Paulo Lockmann


Associação da Igreja Metodista - Central de Teresópolis
Banco Bradesco
Ag: 2801
c/c: 8948-6


Associação da Igreja Metodista - Central de Petrópolis
Caixa Econômica Federal
Ag: 0188
Op: 013
Conta Poupança: 3373-7


Associação da Igreja Metodista - Nova Friburgo
Caixa Econômica Federal
Ag. 0186
c/c: 664-2

IGREJA METODISTA ENCAMINHA AJUDA ÀS VÍTIMAS DAS CHUVAS NO RJ

A Igreja Metodista na 1ª Região Eclesiástica (RJ) está se mobilizando a favor dos desabrigados. Estão funcionando pontos de coleta de doações de mantimentos, roupas de cama e toalhas e, principalmente, água potável e alimentos não perecíveis.

Para suprir a necessidade de sangue, o Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro (HemoRio) pretende enviar 300 bolsas de sangue para as vítimas das fortes chuvas na região serrana do Estado.

Onde deixar as doações:

Catedral Metodista (Igreja do Catete)
Pc José de Alencar, 04, Flamengo, Rio de Janeiro - RJ
e-mail: secretaria@catedralmetodista.org.br
tel: (21) 2556-6276

Igreja Metodista de Cascadura
Av Ernani Cardoso, 115, Cascadura, Rio de Janeiro - RJ
e-mail: imcascadura@uol.com.br
tel: (21) 2269-8298

Igreja Metodista Central em Duque de Caxias
AV. Presidente Kennedy, 2273, Centro, Duque de Caxias - RJ
e-mail: imcdc.novotempo@hotmail.com
tel: (21) 2771-9256

Igreja Metodista Central de Petrópolis
Rua Marechal Deodoro, 80, Centro, Petrópolis - RJ
e-mail: secretaria@metodistapetropolis.com.br
tel: (24) 2242-4440

Igreja Metodista Central de Niterói
Av Feliciano Sodre 568, Centro, Niterói - RJ
e-mail: cmniteroi@gmail.com
tel: (21) 2719-8408

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

É por causa do Brasil

Todos os brasileiros devem torcer para Cesare Battisti ser deportado para a Itália.

Não, não é por causa da Itália, que pressionou Lula para fazê-lo temer o risco diplomático de não atender a um parceiro tão relevante e acabou, com isso, endurecendo o Itamaraty. É por causa do próprio Brasil!

Vejamos: O que ganhamos com esse criminoso italiano em nosso país? Nada. Se é perseguido político, chamem-se os organismos internacionais para tratar dele. Já que a Itália é uma democracia, um país que goza de respeitabilidade internacional e não haveria razão para o Brasil desconsiderar este fato, pega muito mal nosso país descumprir um tratado político e diplomático bilateral já celebrado com a Itália, país com o qual o Brasil tem relações tradicionais. Se ele se sente injustiçado em seu país, apele ao Judiciário italiano ou se declare perseguido e peça asilo, em vez de fugir para cá e criar esse imbroglio. Do jeito que a coisa está, damos recado a todos os meliantes internacionais que aqui é o paraíso dos fugitivos da lei. Basta ter alguém que se identifique com a ideologia e as ações do fugitivo, que a gente acolhe e dá guarida, pois o que não presta em outros países vem passar temporada por aqui.

A credibilidade de nossas Relações Exteriores, tão grata até passado recente, tem sido dilapidada por decisões equivocadas, tais como: escolher parceiros estratégicos dentre os vilões internacionais (Irã e Venezuela não são democracias), a ponto de ter de recuar na solidariedade a Ahmadinejad, hipotecar apoio a azarões para cargos de alto coturno na ONU, trocar a amizade de Israel pela Autoridade Palestina, "entregar" a embaixada brasileira em Honduras a um fanfarrão como Manuel Zelaya, entre outras. O Barão do Rio Branco deve ter se contorcido no túmulo.

Quem sabe, o Itamaraty vem com uma solução criativa: para não abrir mão da soberania brasileira cedendo à pressão italiana, convida-se o criminoso Cesare Battisti para um cruzeiro marítimo e larga-se-o em um bote à deriva, sem esquecer de avisar aos magistrados de Roma onde ele foi "esquecido". Havia de ser uma saída engraçada.

sábado, 1 de janeiro de 2011

A posse da 'presidenta'

Ainda não acabou.
Ela discursa na Câmara federal.
Dilma, antes, já falou
E ninguém a desmente, afinal.
Pela primeira vez,
A faixa vai pra presidenta
E não a última, talvez,
De certo, uma, duas, setenta...

No Planalto, a chuva abalou,
Descia forte, torrencial.
Mas mesmo a chuva não obstou
Que Dilma cumprisse o cerimonial.
Um país grande, forte, exemplo de solidez,
É o Brasil que se constrói com altivez.
O poder: Sonho antigo, desde adolescenta,
Dilma alcança mandar no pais, ser expoenta.

Cedo, subversiva, vagou.
Militante de esquerda, guerrilheira no matagal,
Dilma, para Estela, depois Dulce, o nome mudou.
Mas não perdeu o ideal.
Nem incomoda dos detratores a desfaçatez
Com que a alfinetam toda vez.
Dos preceitos de Marx pupila providenta,
Lealdade a Mao, Castro e Prestes sustenta.

Mundo novo, ordem nova, anunciou.
Não temam do bolchevismo o retorno final!
A mandatária a quem o povo, pelo voto, consagrou
Jura observar a Lei, sendo leal
Para com o povo, que em segundo turno a fez
A primeira mulher a ocupar, vejam vocês!,
O mandato de chefe do Estado que agora representa.
Ninguém duvide, tranqüiliza a presidenta.

Quem de Dilma outrora duvidou
Há de ver que seu governo jamais será banal.
E quem nela, confiante, sempre acreditou
Enxergará em cada ato seu forte sinal
De um novo tempo, repleto de mercês,
O "céu na terra", sem "será?" ou "talvez",
Que essa mulher no posto se agüenta
E nunca, nunca desanimará, mesmo doenta!

Se em outras terras a mulher não recuou,
Não será no Brasil que uma filha de Eva se dê mal.
Ademais, o pai Rousev, para aqui se transplantou
Trazendo nos genes determinação sem igual.
Da pequena Bulgária, a mineira Dilma, se fez
Gaúcha, sem carregar no 'gauchês'.
Mãe extremosa, avó complacenta,
Dilma é resoluta, mais que uma jumenta.

De quais países Dilma recepcionou,
Destaque dos pequenos: – Não são o "eixo do mal!",
O governo proletário na ONU protestou.
Barak Obama, chateado, ausente do cerimonial,
Com "o cara" pelas costas, ignora descortês
Quem, contente com a crise 'yankee' se disse certa vez.
– Dilma , venha logo! Esse "cara", se arrebenta,
Diz a secretária Hillary, 'na lata'; não se isenta.

A festa da posse, vai indo, acabou.
Foi-se o frenesi, a rotina volta à capital.
Houve quem aplaudiu, houve quem protestou.
A democracia é assim mesmo, isso é normal.
É cedo pra dizer, deixa passar um mês,
Pra ver se o país engrena de uma vez
No primeiro mundo, que esse todo mundo tenta,
Mas país nenhum tem mulher tão competenta.